Aliados de Jair Bolsonaro afirmam que o ex-presidente considera lançar Michelle Bolsonaro à Presidência da República em 2026, caso o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, opte por disputar a reeleição estadual.
A ideia, segundo interlocutores próximos, seria manter o protagonismo político do bolsonarismo em nível nacional, apostando na ex-primeira-dama como alternativa para preservar a base conservadora e enfrentar o presidente Lula nas urnas. As informações são de Paulo Cappelli, do portal Metrópoles.
Bolsonaro busca manter influência e testar cenário com Michelle
De acordo com pessoas próximas ao ex-presidente, Michelle Bolsonaro é vista como o nome mais viável dentro do PL diante da hesitação de Tarcísio de Freitas em disputar o Planalto. Pesquisas internas do partido indicam que o governador paulista lidera com folga a corrida pela reeleição, o que tem reforçado a tendência de que permaneça no estado.
A avaliação de Bolsonaro é pragmática: ele acredita ser capaz de transferir parte significativa de seu eleitorado para Michelle, preservando o discurso conservador e o apelo junto ao público evangélico. O ex-presidente também considera que, em um eventual confronto com Lula, a ex-primeira-dama teria vantagem simbólica, já que o petista precisaria adotar um tom mais contido nos debates televisivos, evitando ataques que pudessem ser interpretados como agressões misóginas.
Além disso, estrategistas próximos a Bolsonaro afirmam que Michelle poderia ampliar o alcance do bolsonarismo entre as mulheres, segmento onde o ex-presidente enfrentou maior resistência em 2022.
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Resistências internas e limites do projeto
Apesar do entusiasmo de Bolsonaro, a possível candidatura de Michelle Bolsonaro divide aliados. Parte da cúpula do PL teme que o temperamento da ex-primeira-dama e sua pouca experiência política prejudiquem alianças necessárias em um segundo turno. Interlocutores avaliam que Michelle teria dificuldade em negociar com lideranças partidárias tradicionais e em sustentar uma campanha de longo fôlego.
Fontes próximas a Michelle afirmam que ela não demonstra interesse em concorrer à Presidência, preferindo seguir à frente do núcleo feminino do PL, voltado ao eleitorado evangélico. Outras alternativas em estudo incluem candidaturas “caseiras”, como as de Eduardo Bolsonaro ou Flávio Bolsonaro, ambos filhos do ex-presidente, mas sem grande tração nacional no momento.
Por outro lado, Tarcísio de Freitas mantém cautela. Embora evite participar diretamente das articulações do bolsonarismo, o governador paulista acompanha o cenário nacional com atenção e tem sinalizado que a Bahia e o Nordeste serão decisivos na disputa presidencial de 2026.
Direita tenta reorganizar alianças e ampliar base regional
O governador também avalia possíveis aproximações com nomes fora do eixo bolsonarista, como o ex-governador Ciro Gomes (PDT), que concorreu quatro vezes à Presidência e ainda conserva influência no Ceará e parte do Nordeste. A ideia seria abrir espaço para uma aliança de centro-direita que possa competir com o PT e reduzir a dependência de Bolsonaro dentro do campo conservador.
Enquanto isso, o PL mantém o cenário em aberto. Bolsonaro segue atuando como principal articulador político da legenda, buscando preservar o controle do discurso da extrema-direita e a fidelidade de sua base eleitoral. A decisão final sobre a candidatura presidencial de 2026 deve ocorrer apenas após Tarcísio confirmar se concorrerá à reeleição em São Paulo.
“Bolsonaro quer continuar ditando o rumo da direita brasileira. Michelle seria o rosto, mas ele seria o comando”, avalia um cientista político ouvido pelo Diário Carioca.
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