No início de novembro, a defesa de Jair Bolsonaro já admite que o ex-presidente pode começar a cumprir pena em regime fechado — cenário que depende da decretação da execução da sentença pelo Supremo Tribunal Federal após o julgamento dos últimos recursos. A expectativa, revelada pela coluna de Lauro Jardim, do O Globo, põe o foco no próximo passo de um processo com profundos impactos políticos e institucionais.
Condenação final e contexto jurídico
Em 11 de setembro, a Primeira Turma do STF condenou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão, pelos crimes de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração de patrimônio tombado. A decisão foi firmada por placar de 4 a 1, com absolvição apenas do ministro Luiz Fux.
Na dosimetria, as penas se distribuem assim:
- Golpe de Estado: 8 anos e 2 meses
- Tentativa de abolição do Estado Democrático: 6 anos e 6 meses
- Organização criminosa armada: 7 anos e 7 meses
- Dano qualificado: 2 anos e 6 meses
- Deterioração de patrimônio tombado: 2 anos e 6 meses
Totalizam-se 24 anos e 9 meses de reclusão, mais 2 anos e 6 meses de detenção. Além disso, o STF definiu 124 dias-multa, cada dia avaliado em dois salários mínimos — valor que ultrapassa R$ 300 mil.
Atualmente, Bolsonaro cumpre prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica, por ordem judicial em razão de risco de interferência no processo.
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Marcha para execução penal
A execução da pena depende da publicação do acórdão e da análise de recursos finais. Juristas estimam prazos entre 40 e 60 dias a partir da publicação, o que projeta o início da prisão efetiva entre o final de outubro e começo de novembro. Para Lênio Streck, por exemplo, a janela provável é a primeira quinzena de novembro.
A defesa, em contrapartida, já sinalizou que recorrerá aos tribunais domésticos e internacionais, sustentando “profunda discordância e indignação” com a decisão e alegando excesso das penas fixadas.
Se o STF autorizar a execução, Bolsonaro poderá ser transferido para o sistema prisional (por exemplo, a Papuda), salvo decisão que mantenha regime domiciliar por razões de saúde ou idade.
Implicações políticas e simbólicas
A entrada efetiva de Bolsonaro em regime fechado terá enorme impacto simbólico para a democracia brasileira. Será a primeira vez que um ex-presidente é preso por crimes contra o Estado Democrático de Direito — um ponto de inflexão para o enfrentamento das tentativas de ruptura institucional que se sucederam.
Por outro lado, sua prisão ampliará o embate político e pode alimentar narrativas de perseguição no bolsonarismo, especialmente se for mantida alguma prerrogativa atrelada à idade ou saúde. A resposta dos pares no Congresso, a reação popular e o risco de instabilidade política estão entre os principais vetores de tensão nos próximos dias.
Internamente, o caso reforça a exigência de que o Diário Carioca conecte seus leitores aos desdobramentos institucionais e ao impacto social dessa condenação. Neste sentido, é essencial que a cobertura dialogue com pautas de politica, economia (recursos públicos, multas), cultura (memória democrática) e rio-de-janeiro (reforço regional da liberdade).
Cronograma esperado
| Etapa | Previsão | Condições críticas |
|---|---|---|
| Publicação do acórdão | Próximas semanas | Emissão formal do documento pelo STF |
| Julgamento dos últimos recursos | Até outubro | Defesa tenta protelar |
| Decisão de execução penal | Fim de outubro / início de novembro | STF autoriza prisão |
| Transferência para regime fechado | Imediata ou condicionada | Avaliação de saúde, logística prisional |



