Brasília – A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, por sua participação na tentativa de golpe de Estado contra o então presidente Jair Bolsonaro. A denúncia foi apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) e inclui outras 32 pessoas, além de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.
De acordo com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, Marília fez parte de um grupo responsável por tentar sustentar a permanência ilegítima de Bolsonaro no cargo, coordenando forças de segurança para garantir o cumprimento de um plano ilegal. A denúncia ainda aponta que Marília e outros denunciados falharam ao não impedir os ataques ocorridos.
Participação no golpe de Estado
A acusação de tentativa de golpe inclui figuras-chave como Marília Ferreira de Alencar, Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e Fernando Sousa de Oliveira, ex-secretário-adjunto de Segurança Pública do DF. A PGR afirma que o grupo agiu para manter Bolsonaro no poder de maneira ilegítima, com o uso indevido das forças de segurança pública.
Atuação de Marília Ferreira de Alencar
Marília Ferreira de Alencar atuou como subsecretária de Inteligência na Secretaria de Segurança Pública do DF durante o governo de Bolsonaro. Ela foi nomeada para o cargo por Anderson Torres, seu ex-colega de trabalho na Polícia Federal. Antes disso, Marília havia sido diretora de Inteligência no Ministério da Justiça, na gestão de Torres.
Em depoimento à Polícia Federal, Marília declarou que seu relacionamento com Torres começou quando atuava na Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), onde foi diretora parlamentar.
Falhas no trabalho de Inteligência
Durante a CPI dos Atos Antidemocráticos, em março de 2023, Marília alegou que a inteligência da Secretaria de Segurança Pública identificou sinais de possíveis invasões de prédios públicos por parte de bolsonaristas. No entanto, ela negou falhas em sua atuação, afirmando que as informações sobre os ataques foram repassadas aos órgãos de segurança competentes.
A PGR destaca, entretanto, que apesar do compartilhamento de informações sobre a mobilização dos grupos, Marília Alencar demorou a agir para combater as invasões, com sua primeira mensagem no grupo de WhatsApp da força-tarefa sendo enviada às 16h50, horas após o início dos ataques.
Envolvimento nas blitze de 2022
Além de sua participação nos eventos de 2023, Marília também foi envolvida nas ações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante as eleições de 2022. A PGR aponta que Marília tentou impedir a votação de eleitores no Nordeste, onde Lula obteve grandes vitórias no primeiro turno, o que levantou suspeitas de manipulação do processo eleitoral.
De acordo com a denúncia, Marília solicitou que fossem feitas análises de resultados eleitorais, direcionando as ações da PRF para locais de forte apoio a Lula no primeiro turno, o que foi visto como tentativa de alterar o resultado da eleição.