Brasília – Em um vídeo de sua delação premiada, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), expressou frustração ao relatar que sua vida desmoronou após colaborar com a Justiça. O depoimento ocorreu em março de 2024, durante uma audiência com o juiz Airton Vieira.
Cid lamentou ter ganhado peso e viver recluso enquanto Bolsonaro arrecadou milhões. O ex-militar criticou a postura de antigos aliados, que passaram a evitá-lo por medo de represálias. O desabafo foi registrado nos autos do processo.
Mauro Cid critica isolamento após delação
Durante seu depoimento, Mauro Cid revelou que desde que decidiu colaborar com as investigações, sente-se isolado e rejeitado. “Minha carreira está destruída. Meus amigos me tratam como um leproso, com medo de se prejudicar”, disse.
O ex-ajudante de ordens relatou que a mídia exerce forte pressão sobre ele e que sua vida se tornou extremamente restrita. “Não sou político, não sou militar. Quero minha vida de volta. Estou enclausurado. A imprensa me persegue e não me deixa em paz”, afirmou.
Comparação com Bolsonaro
Em um trecho do vídeo, Cid comparou sua realidade à de Jair Bolsonaro, que arrecadou cerca de R$ 17 milhões por meio de doações via Pix. Esse valor foi revelado em julho de 2023, após um relatório do Coaf apontar transações milionárias na conta do ex-presidente nos primeiros meses do ano.
Cid apontou a diferença entre a situação dos envolvidos no caso, indicando que, enquanto ele enfrenta dificuldades, Bolsonaro acumulou uma grande quantia.
Insatisfação com a Polícia Federal
O ex-ajudante também criticou a atuação da Polícia Federal, alegando que os investigadores já possuíam uma versão pré-definida dos fatos. Ele mencionou que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), teria uma “sentença pronta”.
A revista Veja divulgou áudios em que Cid se queixava dos desdobramentos da colaboração premiada, demonstrando insatisfação com o tratamento recebido durante as investigações.