Psicopatia Coletiva

Moraes diz que golpistas planejavam enforcá-lo na Praça dos Três Poderes

Ministro revela detalhes de investigação sobre atos terroristas de 8 de janeiro

Alexandre de Moraes - Foto: Reprodução
Alexandre de Moraes - Foto: Reprodução

Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou que um dos planos dos simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante os atos terroristas em Brasília, em 8 de janeiro do ano passado, era enforcá-lo na Praça dos Três Poderes.

O que você precisa saber:

  • Ministro Alexandre de Moraes foi alvo de ameaças de morte de simpatizantes de Jair Bolsonaro durante os atos terroristas de 8 de janeiro.
  • As ameaças foram investigadas pelo STF e pelo Ministério Público Federal (MPF).
  • As investigações revelaram que os golpistas planejavam prender e enforcar o ministro na Praça dos Três Poderes.

Moraes disse que estava em Paris no dia 8 de janeiro, quando soube dos atos terroristas. Ele afirmou que agiu imediatamente para conter a violência, conversando com o ministro da Justiça, Anderson Torres, e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ministro também disse que a investigação sobre os atos terroristas revelou que os golpistas planejavam invadir o Congresso Nacional e convencer o Exército a aderir ao golpe.

Moraes ressaltou a importância da regulamentação das redes sociais para combater o discurso de ódio e a desinformação.

Confira alguns trechos:

Onde o senhor estava no dia 8 de janeiro?

Após a posse do presidente Lula, viajei com a minha família para a Europa e estava em Paris dia 8 de janeiro. Meu filho me mostrou imagens de pessoas invadindo o Congresso. Liguei imediatamente para o ministro Flávio Dino (Justiça). Perguntei a ele como tinham entrado, porque havia ocorrido uma reunião de órgãos de segurança em que tinha ficado proibida a entrada de manifestantes na Esplanada dos Ministérios. Num determinado momento, o presidente também falou comigo. Ele e o Dino conversaram sobre a possibilidade de intervenção federal ou GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Quem decidiu foi o Poder Executivo, mas eu relembrei que no tempo do presidente (Michel) Temer, houve a possibilidade de intervenção só na área da segurança, e talvez isso fosse melhor. (…)

O que poderia ter acontecido?

Se tivéssemos deixado mais pessoas em frente a quartéis (no dia seguinte), poderia gerar mais violência, com mortes e distúrbios civis no país todo. Se não houvesse a demonstração clara e inequívoca de que o Supremo Tribunal Federal não iria admitir nenhum tipo de golpe, afastaria qualquer governador que aderisse e prenderia os comandantes de eventuais forças públicas que aderissem, poderíamos ter um efeito dominó que geraria caos no país.

O que a investigação já delineou sobre o plano golpista?

Nas investigações e nos interrogatórios de vários desses golpistas, temos que os discursos nos quartéis onde estavam acampados diziam que deveriam vir para Brasília. De vários financiadores, (a ordem era que) deveriam vir, invadir o Congresso e ficar até que houvesse uma GLO para que o Exército fosse retirá-los. E, então, eles tentariam convencer o Exército a aderir ao golpe. O que mostra o acerto em não se decretar a GLO, porque isso poderia gerar uma confusão maior, e sim a intervenção federal. Não que o Exército fosse aderir, pois em nenhum momento a instituição flertou (com a ideia). Em que pese alguns dos seus integrantes terem atuado, e todos eles estão sendo investigados.

Qual foi a influência das plataformas no 8 de Janeiro?

A regulamentação das redes sociais vai ser uma bandeira importante do Tribunal Superior Eleitoral no primeiro semestre de 2024. Elas falharam e foram instrumentalizadas no 8 de Janeiro. Proliferaram o discurso de ódio, antidemocrático, permitindo que as pessoas se organizassem para a “festa da Selma”, que era o nome utilizado (para o 8 de Janeiro).

Confira alguns trechos:

Onde o senhor estava no dia 8 de janeiro?

Após a posse do presidente Lula, viajei com a minha família para a Europa e estava em Paris dia 8 de janeiro. Meu filho me mostrou imagens de pessoas invadindo o Congresso. Liguei imediatamente para o ministro Flávio Dino (Justiça). Perguntei a ele como tinham entrado, porque havia ocorrido uma reunião de órgãos de segurança em que tinha ficado proibida a entrada de manifestantes na Esplanada dos Ministérios. Num determinado momento, o presidente também falou comigo. Ele e o Dino conversaram sobre a possibilidade de intervenção federal ou GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Quem decidiu foi o Poder Executivo, mas eu relembrei que no tempo do presidente (Michel) Temer, houve a possibilidade de intervenção só na área da segurança, e talvez isso fosse melhor. (…)

O que poderia ter acontecido?

Se tivéssemos deixado mais pessoas em frente a quartéis (no dia seguinte), poderia gerar mais violência, com mortes e distúrbios civis no país todo. Se não houvesse a demonstração clara e inequívoca de que o Supremo Tribunal Federal não iria admitir nenhum tipo de golpe, afastaria qualquer governador que aderisse e prenderia os comandantes de eventuais forças públicas que aderissem, poderíamos ter um efeito dominó que geraria caos no país.

O que a investigação já delineou sobre o plano golpista?

Nas investigações e nos interrogatórios de vários desses golpistas, temos que os discursos nos quartéis onde estavam acampados diziam que deveriam vir para Brasília. De vários financiadores, (a ordem era que) deveriam vir, invadir o Congresso e ficar até que houvesse uma GLO para que o Exército fosse retirá-los. E, então, eles tentariam convencer o Exército a aderir ao golpe. O que mostra o acerto em não se decretar a GLO, porque isso poderia gerar uma confusão maior, e sim a intervenção federal. Não que o Exército fosse aderir, pois em nenhum momento a instituição flertou (com a ideia). Em que pese alguns dos seus integrantes terem atuado, e todos eles estão sendo investigados.

Qual foi a influência das plataformas no 8 de Janeiro?

A regulamentação das redes sociais vai ser uma bandeira importante do Tribunal Superior Eleitoral no primeiro semestre de 2024. Elas falharam e foram instrumentalizadas no 8 de Janeiro. Proliferaram o discurso de ódio, antidemocrático, permitindo que as pessoas se organizassem para a “festa da Selma”, que era o nome utilizado (para o 8 de Janeiro).