Uma pesquisa eleitoral em Niterói foi suspensa pelo Ministério Público na terça-feira (17), após suspeitas de irregularidades. O levantamento, realizado pelo Instituto Gerp, apontava a vitória de Rodrigo Neves (PDT) no primeiro turno. No entanto, a decisão do MP interrompeu a divulgação dos dados, levantando questionamentos sobre a veracidade da pesquisa e sua influência no cenário eleitoral da cidade.
A poucos dias das eleições municipais, o cenário político em Niterói aponta a possibilidade de um segundo turno, de acordo com o cientista político Marcio Malta, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Para o especialista, a disputa entre os campos progressistas, representados por Talíria Petrone (PSOL) e Rodrigo Neves, pode levar a um desfecho no segundo turno. “Há chances de Niterói ter segundo turno, o que seria saudável para o debate público”, afirma Malta.
Nas últimas eleições presidenciais, Niterói foi a única cidade da Região Metropolitana do Rio de Janeiro onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve maioria, com 51,21% dos votos.
Além disso, Talíria Petrone foi a deputada federal de esquerda mais votada no estado do Rio de Janeiro em 2022, com quase 200 mil votos, o que a posiciona como uma adversária de peso na corrida eleitoral municipal.
Rodrigo Neves, ex-prefeito e candidato à reeleição pelo PDT, é apontado como favorito por algumas pesquisas, mas sua relação com o campo progressista é vista com ressalvas. Em 2016, Neves se distanciou do Partido dos Trabalhadores (PT) e não apoiou a então presidenta Dilma Rousseff durante o processo de impeachment, o que gerou desconfiança entre líderes da esquerda.
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“Rodrigo Neves é visto com certa reserva pelo presidente Lula e por figuras como Manuela D’Ávila e Chico Buarque”, comenta Marcio Malta.
Por outro lado, Carlos Jordy (PL), representante do bolsonarismo, é considerado um candidato com alta rejeição em Niterói, cidade onde o ex-presidente Jair Bolsonaro foi derrotado nas últimas eleições.
Apesar de contar com o apoio de Bolsonaro, Jordy encontra dificuldades para expandir sua base eleitoral, que se mantém restrita a um nicho mais conservador.
A suspensão da pesquisa do Gerp trouxe ainda mais incertezas sobre o desfecho da eleição. Talíria Petrone questionou a credibilidade do instituto, lembrando que em eleições anteriores os resultados apontados pelo Gerp não se confirmaram nas urnas.
“Parece ser uma estratégia do mesmo grupo político que domina a cidade há 12 anos”, afirmou a candidata do PSOL.
Para o cientista político Marcio Malta, um segundo turno seria uma oportunidade para aprofundar o debate público em Niterói, permitindo uma discussão mais ampla sobre os modelos de cidade propostos pelos candidatos. “Talíria Petrone no segundo turno seria uma chance de enriquecer o debate sobre concepções e projetos para a cidade”, conclui Malta.
