A maior parte do eleitorado brasileiro é formado por mulheres e negras. No entanto, esse é o grupo que tem menor representatividade nos espaços públicos e nas prefeituras do Brasil. E é a violência política, especialmente no meio digital, um dos principais fatores que contribuem para afastá-las desses espaços.
As mulheres são 51% da população do país, mas governam apenas 12% das prefeituras. Enquanto as mulheres negras representam 27% da população e comandam apenas 3% das cidades brasileiras. Os dados foram levantados pelo Instituto Alziras e pelo Instituto Marielle Franco, e compartilhados pela ministra Edilene Lôbo, primeira magistrada negra da história do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), durante o XIII Encontro Brasileiro de Advocacia Criminal (EBAC), em Vitória.
“As principais vítimas da violência política são as mulheres negras. Elas são a maioria do eleitorado e as vítimas principais da violência para impedi-las, excluí-las, dificultá-las de acessar os espaços públicos para pleitear uma candidatura. No mundo digital, a utilização frequente da estratégia para agredir, intimidar, coagir as mulheres negras, com o propósito de captura do poder público. Nós estamos falando de uma maioria que vem sendo minorizada nesses espaços. Essa maioria da população brasileira, é a minoria administrando as cidades do país e compondo os legislativos municipais”, avalia a ministra Edilene Lôbo.
Nas últimas eleições municipais, em 2020, 16% das câmaras municipais eram ocupadas por mulheres, mas só 6% eram mulheres negras. Para a primeira magistrada negra da história do TSE, diminuir a desigualdade na política deve ser uma preocupação de todos.
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“A Justiça Eleitoral tem atuado firmemente com atenção redobrada ao registro das candidaturas, a distribuição dos recursos financeiros para a candidatura das mulheres e a prestação de contas. Mas é um desafio de todas as pessoas, de todas as instituições, porque uma sociedade estruturada na desigualdade, na exclusão, não tem futuro próximo. E não tem um futuro próximo para todas as pessoas, e não apenas para pessoas negras. Por isso que eu digo que a tarefa é coletiva”, afirma.
Nesta sexta-feira (07), durante o terceiro e último dia do Encontro Brasileiro de Advocacia Criminal (EBAC), a ministra Edilene Lôbo discutiu “Crimes eleitorais e perspectiva de gênero e raça”. O evento promovido pela Associação Brasileira de Advocacia Criminal (Abracrim), contou com a participação das delegações de advogados de todos estados da Federação e também abordou temas como lei anticorrupção, ESG e novas tecnologias.