União terá que indenizar em R$ 200 mil mãe de militante torturado e morto pela ditadura militar

A mãe de Carlos Roberto Zanirato, que foi torturado e na sede do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), em São Paulo, em 1969, deve ser indenizada em R$ 200 mil pela União. A decisão é do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), na capital paulista.

Em sua decisão, o desembargador Johnsom di Salvo afirmou haver “prova abundante da causa da morte”, cometida por agentes da ditadura militar. Zanirato foi enterrado como indigente e a causa da morte seria suicídio, de acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML) na época.

De acordo com o depoimento da mãe, de funcionários do Instituto Médico Legal (IML) e de outros presos do Dops, para simular o suicídio Zanirato teria sido barbaramente torturado e seu corpo jogado na frente de um ônibus, na avenida Celso Garcia, zona leste de São Paulo.

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“O dano moral sofrido (pela mãe) é mais que evidente e justifica o recebimento de indenização por todo sofrimento e desgaste psíquico experimentado com o encarceramento de seu filho por motivação política no DOPS/SP, onde foi seviciado até a morte e depois descartado numa vala comum, sem qualquer identificação, de forma indigna e desrespeitosa”, afirma di Salvo em sua decisão.

Zanirato foi preso em 23 de junho 1969, quando tinha 20 anos, após desertar do Exército para integrar a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), liderada por Carlos Lamarca. O militante morreu após seis dias de tortura.

A tese do suicídio só foi derrubada após investigações feitas pela Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), que constatou que a sua morte ocorreu em decorrência de tortura.

Segundo relatório da Comissão da Verdade, durante os 20 anos de duração da ditadura no Brasil, 424 pessoas morreram ou desapareceram. 

Edição: Anelize Moreira