Preponderância de Kalil e ausência de Zema: especialistas avaliam debate ao governo de MG

Temas como segurança pública, mineração, enfrentamento à pandemia de covid-19, privatizações e o Regime de Recuperação Fiscal apareceram com destaque no primeiro debate entre os candidatos ao governo de Minas Gerais. Porém, na avaliação de especialistas, ainda há muito o que avançar na elaboração e na apresentação de propostas para o estado.

Organizado e transmitido pela Band, o espaço de discussão aconteceu no domingo (7) e contou com a presença de Alexandre Kalil (PSD), Carlos Viana (PL), Lorene Figueiredo (PSOL) e Marcus Pestana (PSDB).

Para o cientista político Rudá Ricci, a participação de Alexandre Kalil foi a que mais chamou a atenção. “Nós só temos dois candidatos de fato com chance eleitoral. O ex-prefeito de Belo Horizonte se sobrepôs aos demais”, afirma.

Apoiado por Lula (PT), que lidera a corrida ao Planalto, Kalil aparece nas pesquisas eleitorais atrás do candidato à reeleição, Romeu Zema (Novo). O governador comunicou pouco antes do início da conversa que não iria participar por questões de saúde.

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Tratando de temas, como os serviços públicos, a situação financeira do Estado e o diálogo com os servidores, Kalil demarcou diferenças com o atual governo.

“Hoje, Minas Gerais é um povoado de ausência na saúde, na educação, nas estradas e nas ações sociais”, afirmou, em referência a não participação de Zema no debate.

Na avaliação do economista e especialista em direitos sociais José Prata Araújo, faltar ao debate foi a forma que Zema encontrou de esconder as fragilidades de sua gestão.

“Inegavelmente, ele tem uma aprovação expressiva ainda. Mas é uma aprovação popular bastante frágil. Ele, basicamente, voltou a pagar os servidores em dia, mas isso não é exatamente um programa de governo. É uma obrigação básica”, argumenta.

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Mesmo sem a presença do governador, os postulantes ao cargo não pouparam críticas a sua gestão. Alexandre Kalil afirmou que Zema deixará Minas Gerais com dívida corrente duas vezes maior que a existente quando assumiu o mandato.

“Vai entregar com R$ 58 bilhões de dívida corrente. São R$ 30 bilhões a mais, sendo R$ 12,5 milhões da saúde e da educação”, enfatizou o ex-prefeito da capital mineira.

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Já Lorene Figueiredo, do PSOL, criticou a postura do governador em tentar impor a adesão de Minas ao Regime de Recuperação Fiscal, lamentou o avanço da atividade minerária no estado e enfatizou o aumento da fome e da pobreza nos últimos anos.

“Romeu Zema escolheu deixar 4,5 milhões de pessoas passando fome para dar isenção fiscal para os super-ricos e bilionários. A herança de seu governo, assim como a de Bolsonaro, é a fome”, disse.

Cálculo eleitoral

O candidato apoiado por Jair Bolsonaro (PL), Carlos Viana, também teceu críticas ao atual governo. Logo no primeiro bloco de perguntas, o bolsonarista apontou limites no trato com os servidores da segurança pública.

Porém, na avaliação de Rudá Ricci, a postura de Viana não passa de um cálculo eleitoral para tentar se posicionar melhor na disputa. Para o cientista político, o atual presidente da República aposta tanto na candidatura de Viana quanto na de Zema, demonstrando não existir reais diferenças entre os dois projetos.

“Ao Viana, só sobrou dois caminhos.  Ou ele se torna um candidato meramente auxiliar e, se ele faz isso, logo no início da campanha, ele some. Ou ele faz algumas críticas para continuar sua trajetória de consolidação de uma candidatura de extrema-direita. Ele optou pela segunda opção”, avalia.

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Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Larissa Costa