Prometeu e não cumpriu

Pablo Marçal admite prisão por fraude em entrevista

Durante debate, Marçal afirmou que se encontrassem qualquer condenação em seu nome, ele se retiraria da disputa eleitoral deste ano

Marçal admite que foi preso
Marçal admite que foi preso - Foto: Divulgação

Pablo Marçal, candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRTB, admitiu pela primeira vez ter sido preso pela Polícia Federal em 2005. De acordo com a entrevista concedida ao canal “Globonews” nesta segunda-feira (26), Marçal foi detido temporariamente durante uma operação contra uma quadrilha envolvida em fraudes bancárias pela internet. Ele foi condenado em 2010 a quatro anos e cinco meses de reclusão por furto qualificado, mas a pena foi extinta por prescrição em 2018.

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O caso, revelado pela “Folha de São Paulo”, envolveu Marçal na Operação Pegasus, que desmantelou um grupo criminoso responsável por criar sites falsos de bancos, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. A quadrilha usava métodos de phishing para roubar dados bancários das vítimas, capturando e-mails e enviando spams com promessas de programas sociais e conteúdos pornográficos.

Marçal, que na época fazia manutenção de computadores, era responsável pela seleção de e-mails e pelo gerenciamento dos sistemas utilizados no esquema.

“Queria ser uma pessoa que nunca foi processada, um menino que nem peida. Mas não foi assim. Infelizmente, fui injustiçado. Muitas coisas na minha vida foi bobeira mesmo que eu fiz, todo mundo erra”, afirmou Pablo Marçal. Até então, ele negava os crimes.


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Marçal, que agora se apresenta como defensor do combate à corrupção, alegou na entrevista que foi “injustiçado” e que desconhecia a extensão dos crimes. Ele afirmou ter colaborado com a polícia ao fornecer informações sobre outros membros do grupo, o que contribuiu para sua liberação temporária.

A condenação de Marçal também foi mencionada no debate da “Band”, onde a candidata Tabata Amaral (PSB) questionou a sua capacidade de administrar a cidade de São Paulo, dada a sua suposta ligação com atividades criminosas.

Vale lembrar que no debate da Band, disse que, se alguém encontrasse alguma condenação, não disputaria mais a eleição deste ano.

Marçal compreendia ‘claramente’ os crimes, diz juiz

Foto: Divulgação / Renato Pizzutto / Band

Durante o processo, Pablo admitiu colaboração com o grupo criminoso, mas alegou desconhecimento das atividades ilegais. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Marçal tinha vínculos diretos com dois indivíduos acusados de liderar a quadrilha, sendo responsável pela captura de e-mails e manutenção dos computadores usados nos crimes.

A decisão do juiz ressaltou que, apesar da negação de envolvimento, as declarações de Marçal eram inconsistentes com sua alegação de inocência. O magistrado destacou que seus conhecimentos em informática permitiam-lhe compreender a gravidade dos crimes, especialmente com o uso de programas maliciosos.

Marçal recorreu da condenação e, em 2018, a pena foi extinta por prescrição retroativa, não por absolvição. A prescrição ocorreu devido ao prazo legal para a aplicação da pena ter sido ultrapassado, graças ao tempo ganho com recursos apresentados pela defesa.

O bando era tido como a “maior quadrilha de piratas da internet brasileira”, segundo os investigadores. Na época, Marçal tinha 18 anos. 

Em 2023, Marçal foi alvo de uma nova operação da Polícia Federal, que investiga crimes eleitorais, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e apropriação indébita de recursos.

Datafolha

Na mais recente pesquisa Datafolha, Marçal aparece empatado na liderança da corrida eleitoral para a prefeitura de São Paulo, com 21%, ao lado de Guilherme Boulos (PSol), que tem 23%. O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) segue com 19%, segundo o levantamento.