Brasília – O Supremo Tribunal Federal (STF) já condenou 503 pessoas pelos atos terroristas do 8 de janeiro, enquanto apenas oito foram absolvidas. As ações penais revelam um padrão entre os acusados: maioria homens, brancos, com ensino médio completo e renda de até dois salários mínimos. Na semana passada, a Primeira Turma do STF também tornou réus o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro Walter Braga Netto e outros seis integrantes do governo anterior.
Perfil dos condenados
Um levantamento do jornal O Globo revelou que apenas 1,21% dos presos tinham 65 anos ou mais na data dos ataques. A maioria dos manifestantes, 36,88%, estava na faixa etária de 45 a 54 anos.
- 43,2% atuavam como profissionais autônomos
- 18,7% estavam desempregados
- 11,6% possuíam emprego com carteira assinada
- 3,3% eram aposentados
Outro dado relevante é que 41% dos presos receberam o auxílio emergencial durante a pandemia de Covid-19, programa criado pelo governo Bolsonaro.
Origem geográfica dos envolvidos
A maioria dos condenados veio das regiões Sul e Sudeste. Os estados com maior número de réus foram:
- São Paulo – 296 pessoas
- Minas Gerais – 170 pessoas
O impacto da precarização
A socióloga Débora Messenberg, da Universidade de Brasília (UnB), explica que a instabilidade econômica e a perda de status social impulsionam a adesão a discursos radicais.
“A precarização do trabalho é um dos fatores que favorecem o crescimento da direita radical no Brasil e no mundo”, destaca Messenberg.
Para a antropóloga Isabela Kalil, coordenadora do Observatório da Extrema Direita, a desinformação durante a pandemia foi decisiva para a radicalização desses grupos.
“A disseminação de fake news e teorias da conspiração criaram um ambiente favorável à mobilização de extremistas”, explica Kalil.
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Entenda o caso: os atos terroristas de 8 de janeiro
- Em 8 de janeiro de 2023, apoiadores de Jair Bolsonaro invadiram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
- Os extremistas contestavam o resultado das eleições de 2022, que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva.
- Os ataques atingiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF.
- O governo decretou intervenção na segurança pública do Distrito Federal.
- Mais de 500 pessoas foram condenadas pelo STF.
