A Polícia Federal (PF) prendeu nesta sexta-feira (12) o empresário bolsonarista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, acusado de liderar um esquema de fraudes bilionárias contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A operação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), também resultou na prisão do empresário Maurício Camisotti.
De acordo com os investigadores, a quadrilha criou associações de fachada para realizar descontos indevidos em aposentadorias e pensões, sem autorização dos beneficiários. O esquema, que movimentou bilhões entre 2019 e 2023, envolvia falsificação de assinaturas e ocultação de patrimônio, além de suspeita de obstrução das investigações.
Prisão autorizada pelo STF
Segundo a PF, havia risco de fuga e indícios de ocultação de bens. Foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão em São Paulo e no Distrito Federal, todos autorizados pelo STF.
A investigação também alcança o advogado Nelson Wilians, alvo de mandado de busca e apreensão. Relatórios do Coaf apontaram movimentações financeiras atípicas em seu escritório, que ultrapassaram R$ 4,3 bilhões em quatro anos.
Entre os bens apreendidos estão carros de luxo, incluindo Ferrari, Porsche, Land Rover, Mercedes e até mesmo um carro de Fórmula 1.
Esquema de fraudes e lobby político
A PF acusa Antunes de atuar como lobista e “facilitador” do esquema, enquanto Camisotti seria sócio oculto de uma das entidades fraudulentas. Juntas, essas associações cadastravam aposentados sem autorização, desviando recursos mensalmente.
Relatórios da investigação apontam que o “Careca do INSS” recebeu R$ 53 milhões dessas entidades, sendo que R$ 9 milhões foram transferidos diretamente para pessoas ligadas ao INSS.
O escândalo explodiu um dia após a CPI do INSS aprovar a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico de Antunes, que seria ouvido no Congresso na próxima segunda-feira (15).
Quem é o “Careca do INSS”
O empresário movimentou R$ 12,2 milhões em apenas 129 dias, segundo a PF. Ele também realizou uma doação simbólica de R$ 1 à campanha de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, gesto visto como sinal de proximidade política.
As empresas ligadas a Antunes funcionavam como intermediárias financeiras, repassando os valores desviados. Os investigadores destacam que o empresário transferia o dinheiro no mesmo dia do recebimento, mantendo saldo baixo nas contas para dificultar o rastreamento.
A defesa de Antunes nega as acusações e afirma que “os fatos não correspondem à realidade”.
Impactos sociais e políticos
O caso expõe como fraudes no INSS fragilizam ainda mais a previdência pública e atingem diretamente milhões de aposentados, que já enfrentam perda de renda e precarização dos serviços.
Além disso, revela a influência de empresários ligados ao bolsonarismo em esquemas que drenam recursos de quem mais depende do Estado. A atuação do STF e da PF mostra o peso da responsabilização institucional, mas também abre espaço para o debate sobre a vulnerabilidade do sistema previdenciário a interesses privados.
