RIO DE JANEIRO – Em ano de eleições municipais no Brasil, shows bancados com verbas de prefeituras se transformam em palcos políticos. Gusttavo Lima, Wesley Safadão, Ana Castela, Nattan e Zé Neto & Cristiano receberam juntos R$ 76,8 milhões de dinheiro público por 106 shows no primeiro semestre de 2024, segundo o Portal Nacional de Contratações Públicas. As informações são do UOL.
O que você precisa saber
- Gusttavo Lima exaltou o prefeito Simão Durando em Petrolina (PE), com cachê de R$ 900 mil.
- Herberlh Mota, prefeito de Baturité (CE), celebrou no palco com Mari Fernandez, cujo show custou R$ 400 mil.
- Os maiores cachês pagos em shows de prefeituras em 10 anos.
- R$ 76,8 milhões gastos superam a Lei Rouanet para projetos musicais.
- Ministérios Públicos questionaram 24 eventos por promoção política.
Artistas e Prefeitos no Palco
Gusttavo Lima exaltou o prefeito Simão Durando em Petrolina: “Isso não é um prefeito, é um paizão”. Seu cachê foi de R$ 900 mil. Em Baturité, o prefeito Herberlh Mota subiu no palco enquanto Mari Fernandez puxava um coro de “Já ganhou”. Ela recebeu R$ 400 mil pelo show.
Maior gasto em 10 anos
A reportagem levantou que os cachês pagos por prefeituras no primeiro semestre de 2024 foram os maiores dos últimos dez anos, de acordo com o Portal Nacional de Contratações Públicas. Artistas como Gusttavo Lima, Wesley Safadão, Ana Castela, Nattan e Zé Neto & Cristiano juntos receberam R$ 76,8 milhões.
Comparação com a Lei Rouanet
Os R$ 76,8 milhões pagos a artistas superam os R$ 61,7 milhões destinados pela Lei Rouanet a projetos musicais no mesmo período. A empresa Balada Eventos, de Gusttavo Lima, afirmou que “cabe aos Tribunais de Contas fiscalizar as contas públicas”. Já a assessoria de Zé Neto & Cristiano declarou que “a valoração segue a mesma para todos os contratantes”.
Promotores questionam shows
Promotores dos Ministérios Públicos estaduais questionaram 24 eventos por promoção política. Em Santa Rita (PB), o show de São João ficou 62% mais caro que em 2023, totalizando R$ 13,8 milhões. O promotor Antonio de Souza Júnior do MP-CE chamou o show em Baturité de “clara promoção pessoal” e “abuso de poder político”.
Gastos sem transparência
Desde 2022, a falta de transparência nos gastos de shows virou polêmica. O painel do Portal Nacional de Contratações Públicas revelou que Zé Neto & Cristiano voltaram a Sorriso em 2024, com cachê quase dobrado, de R$ 400 mil para R$ 750 mil.
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Palavra dos especialistas
O promotor Emmanuel Girão do MP-CE explica que o prefeito subir ao palco para falar “não tem problema”. O que a lei não permite é a exaltação de qualidades pessoais e plataformas de governo, o que pode configurar abuso de poder político. Segundo a Anafima, os “showmícios” ainda acontecem para quem tem a máquina pública nas mãos.
Com informações do UOL.
