Brasília – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta sexta-feira (28) que o ideal seria julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro ainda em 2025. A declaração ocorre na semana em que a Corte aceitou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), tornando Bolsonaro réu na investigação sobre tentativa de golpe de Estado.
O ministro ressaltou que, apesar da intenção de evitar um julgamento em período eleitoral, o devido processo legal será respeitado. “Tenho dificuldade de prever o tempo do julgamento, porque após a denúncia aceita, serão requisitadas provas. Idealmente, se for compatível com o processo legal, seria bom julgar este ano, para evitar o período eleitoral. Mas o processo vem à frente”, disse Barroso.
Penas do 8 de Janeiro são justificadas, diz Barroso
A suspensão do julgamento da cabeleireira Débora Rodrigues, envolvida nos atos de 8 de janeiro, reacendeu o debate sobre as penas aplicadas aos condenados. O presidente do STF defendeu a rigidez das sentenças e alertou sobre as consequências da impunidade.
“As penas ficaram elevadas pelo número de crimes cometidos. Se este episódio não fosse punido, quem não estiver satisfeito na próxima eleição pode pregar a derrubada do governo e invadir prédios públicos”, afirmou Barroso. “A punição parece inevitável. Se mais adiante vão comutar a pena, isso é outra discussão.”
Inteligência artificial e desinformação
O ministro fez as declarações após uma palestra na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde abordou o tema “Plataformas Digitais, Inteligência Artificial e os desafios para a sociedade”. Durante a exposição, ele criticou as big techs e alertou para o uso da desinformação como ferramenta política.
“As redes sociais incentivam a mentira como estratégia política. A lógica do engajamento favorece a disseminação do ódio em vez do discurso moderado”, disse Barroso. Ele alertou que o uso da internet também amplificou a disseminação de discursos de ódio e teorias conspiratórias.
Perda de espaço da imprensa e riscos da IA
O presidente do STF destacou que a revolução digital reduziu o espaço da imprensa tradicional, prejudicando a checagem de informações. Além disso, criticou os algoritmos das redes sociais, que tendem a reforçar opiniões individuais, estimulando a intolerância.
“A internet democratizou o acesso à informação, mas também abriu caminho para a desinformação. As pessoas ficam expostas apenas ao que querem ouvir, o que favorece a polarização”, explicou.
Uso da tecnologia no combate ao crime
Barroso citou um caso recente para demonstrar os avanços da tecnologia no setor de segurança. Ele mencionou a atuação de robôs no episódio do homem-bomba que tentou um atentado na Praça dos Três Poderes, em Brasília, em novembro de 2024.
“Após o atentado, a Polícia Federal foi até a casa do suspeito e encontrou uma bomba armada. Felizmente, o uso de um robô permitiu a desativação sem riscos para os agentes”, relatou.
O ministro defendeu a regulamentação da Inteligência Artificial, argumentando que sua aplicação precisa ser controlada para evitar abusos e garantir um ambiente digital mais seguro.
“Precisamos conter a desinformação, os discursos de ódio e os ataques à democracia. Isso exige um consenso global, já que a internet está interligada”, concluiu.
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Entenda o caso: julgamento de Bolsonaro e desinformação digital
- O STF aceitou a denúncia da PGR contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe.
- Luís Roberto Barroso sugeriu que o julgamento ocorra ainda em 2025, antes das eleições.
- O ministro defendeu as penas aplicadas aos condenados pelos atos de 8 de janeiro.
- Em palestra, criticou a influência das big techs na disseminação de desinformação.
- Alertou para os perigos da Inteligência Artificial sem regulamentação.
- Destacou o uso da tecnologia no combate a crimes, citando o caso do homem-bomba em Brasília.