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segunda-feira, 31, março, 2025

STF quer julgar Bolsonaro ainda em 2025, diz Barroso

Ministro do Supremo alerta para impacto de julgamento em ano eleitoral e defende punições pelo 8 de Janeiro
Luís Roberto Barroso - © Marcelo Camargo/Agência Brasil
Luís Roberto Barroso - © Marcelo Camargo/Agência Brasil

Brasília – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta sexta-feira (28) que o ideal seria julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro ainda em 2025. A declaração ocorre na semana em que a Corte aceitou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), tornando Bolsonaro réu na investigação sobre tentativa de golpe de Estado.

O ministro ressaltou que, apesar da intenção de evitar um julgamento em período eleitoral, o devido processo legal será respeitado. “Tenho dificuldade de prever o tempo do julgamento, porque após a denúncia aceita, serão requisitadas provas. Idealmente, se for compatível com o processo legal, seria bom julgar este ano, para evitar o período eleitoral. Mas o processo vem à frente”, disse Barroso.

Penas do 8 de Janeiro são justificadas, diz Barroso

A suspensão do julgamento da cabeleireira Débora Rodrigues, envolvida nos atos de 8 de janeiro, reacendeu o debate sobre as penas aplicadas aos condenados. O presidente do STF defendeu a rigidez das sentenças e alertou sobre as consequências da impunidade.

“As penas ficaram elevadas pelo número de crimes cometidos. Se este episódio não fosse punido, quem não estiver satisfeito na próxima eleição pode pregar a derrubada do governo e invadir prédios públicos”, afirmou Barroso. “A punição parece inevitável. Se mais adiante vão comutar a pena, isso é outra discussão.”

Inteligência artificial e desinformação

O ministro fez as declarações após uma palestra na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde abordou o tema “Plataformas Digitais, Inteligência Artificial e os desafios para a sociedade”. Durante a exposição, ele criticou as big techs e alertou para o uso da desinformação como ferramenta política.

“As redes sociais incentivam a mentira como estratégia política. A lógica do engajamento favorece a disseminação do ódio em vez do discurso moderado”, disse Barroso. Ele alertou que o uso da internet também amplificou a disseminação de discursos de ódio e teorias conspiratórias.

Perda de espaço da imprensa e riscos da IA

O presidente do STF destacou que a revolução digital reduziu o espaço da imprensa tradicional, prejudicando a checagem de informações. Além disso, criticou os algoritmos das redes sociais, que tendem a reforçar opiniões individuais, estimulando a intolerância.

“A internet democratizou o acesso à informação, mas também abriu caminho para a desinformação. As pessoas ficam expostas apenas ao que querem ouvir, o que favorece a polarização”, explicou.

Uso da tecnologia no combate ao crime

Barroso citou um caso recente para demonstrar os avanços da tecnologia no setor de segurança. Ele mencionou a atuação de robôs no episódio do homem-bomba que tentou um atentado na Praça dos Três Poderes, em Brasília, em novembro de 2024.

“Após o atentado, a Polícia Federal foi até a casa do suspeito e encontrou uma bomba armada. Felizmente, o uso de um robô permitiu a desativação sem riscos para os agentes”, relatou.

O ministro defendeu a regulamentação da Inteligência Artificial, argumentando que sua aplicação precisa ser controlada para evitar abusos e garantir um ambiente digital mais seguro.

“Precisamos conter a desinformação, os discursos de ódio e os ataques à democracia. Isso exige um consenso global, já que a internet está interligada”, concluiu.


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Entenda o caso: julgamento de Bolsonaro e desinformação digital

  • O STF aceitou a denúncia da PGR contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe.
  • Luís Roberto Barroso sugeriu que o julgamento ocorra ainda em 2025, antes das eleições.
  • O ministro defendeu as penas aplicadas aos condenados pelos atos de 8 de janeiro.
  • Em palestra, criticou a influência das big techs na disseminação de desinformação.
  • Alertou para os perigos da Inteligência Artificial sem regulamentação.
  • Destacou o uso da tecnologia no combate a crimes, citando o caso do homem-bomba em Brasília.

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