Presidente de patronal da Nicarágua é detido ao sair do Ministério Público

Manágua, 21 out (EFE).- O empresário Michael Healy, presidente do Conselho Superior da Empresa Privada (Cosep), principal patronal da Nicarágua, foi detido pela Polícia Nacional nesta quinta-feira ao sair do Ministério Público, denunciou a opositora Aliança Cívica pela Justiça e a Democracia, grupo ao qual pertence.

A prisão de Healy, um crítico do governo presidido pelo sandinista Daniel Ortega, ocorre um dia após o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) ter exigido a libertação “imediata” dos candidatos presidenciais e dos presos políticos na Nicarágua, faltando 17 dias para as eleições nas quais o presidente tentará ser reeleito.

O chefe da Cosep disse aos jornalistas depois de deixar o Ministério Público, onde permaneceu durante dez minutos, que sua reunião foi remarcada e não recebeu nenhuma explicação sobre o caso investigado.

Ao sair do Ministério Público, o empresário entrou em seu carro e, quando dirigia para casa, foi interceptado pela Polícia Nacional, de acordo com um relatório da Aliança Cívica, que expressou solidariedade com o líder empresarial.

“Ele foi detido pela polícia do regime. Exigimos que a sua integridade física seja respeitada e exigimos a sua libertação imediata. Rejeitamos a perseguição e o assédio do regime contra Michael Healy Lacayo”, comunicou o grupo, que foi a contraparte do governo em uma mesa de negociações que buscava uma solução pacífica para a crise que o país atravessa desde abril de 2018.

38 DETIDOS ANTES DAS ELEIÇÕES.

“O povo da Nicarágua continua sofrendo o ataque às instituições e ao estado de direito, criado para restringir a liberdade de pensamento, o direito de associação e de participação da sociedade organizada, direitos que são violados na nossa Constituição”, denunciou o grupo. A Polícia Nacional ainda não explicou as razões da detenção do líder sindical.

Healy, de 59 anos e que já foi presidente da União dos Produtores Agrícolas da Nicarágua (Upanic), foi convocado pelo Ministério Público juntamente com Álvaro Vargas, vice-presidente da Cosep, que terá de comparecer mais tarde.

Apoiadores do governo mantêm confiscados 210 hectares de uma fazenda do empresário dedicada ao cultivo de cana de açúcar e banana desde as manifestações antigovernamentais de abril de 2018.

Healy foi eleito presidente do Cosep em setembro de 2020 para um mandato de três anos, que terminará em setembro de 2023, sucedendo o empresário José Adán Aguerri, que foi preso em junho e é acusado de “traição”.

A prisão de Healy é a 38ª feita pela Polícia Nacional desde 28 de maio contra profissionais e dissidentes independentes, incluindo sete que anunciaram a intenção de concorrer à presidência da Nicarágua pela oposição.

A Nicarágua vive semanas turbulentas após as detenções e acusações contra pelo menos 38 líderes da oposição e profissionais independentes, antes das eleições gerais de 7 de novembro, nas quais o presidente Ortega busca ser reeleito por mais cinco anos.

Ortega, um ex-guerrilheiro sandinista que está prestes a completar 76 anos e que voltou ao poder em 2007, após ter liderado uma junta governamental de 1979 a 1984 e presidido pela primeira vez o país de 1985 a 1990, tenta o quinto mandato, o quarto consecutivo, e o segundo com a esposa, a vice-presidente Rosario Murillo. EFE