Presidente do Chile critica abertura de investigação: "difícil de entender"

astián Piñera, disse nesta sexta-feira que "é difícil entender" a decisão do Ministério Público do país de abrir uma investigação contra ele após a divulgação do escândalo Pandora Papers, porque os fatos revelados já foram "investigados" e "arquivados" em 2017.

Santiago, 8 out (EFE).- O presidente do Chile, Sebastián Piñera, disse nesta sexta-feira que “é difícil entender” a decisão do Ministério Público do país de abrir uma investigação contra ele após a divulgação do escândalo Pandora Papers, porque os fatos revelados já foram “investigados” e “arquivados” em 2017.

“Há um pronunciamento (a partir de 2017) das mais altas autoridades do Judiciário, que constitui coisa julgada, em relação aos fatos investigados não constituírem um crime”, disse o escritório presidencial em comunicado.

Segundo Piñera, que tem uma das maiores fortunas do país e deixará o cargo em março de 2022, “nada disso mudou, e não há nenhum elemento diferente, o que torna difícil entender a decisão tomada hoje pelo Ministério Público”.

O Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), em colaboração com o Centro de Investigação Jornalística do Chile (Ciper) e o serviço de distribuição de notícias LaBot, revelou no domingo passado alegadas irregularidades na venda nas Ilhas Virgens Britânicas, em 2010, de um megaprojeto de mineração de propriedade da família de Piñera.

O pagamento deveria ter sido feito em três parcelas, mas a última estava condicionada a que a área não fosse declarada ambientalmente protegida, apesar da mina ameaçar uma reserva natural com pinguins raros, de acordo com o ICIJ.

A proteção ambiental dependia de Piñera, que havia tomado posse para seu primeiro mandato poucos meses antes da venda do projeto, que atualmente é aprovado por um tribunal ambiental regional, mas pendente de recursos pela Corte Suprema.

A diretora anticorrupção do Ministério Público Nacional, Marta Herrera, explicou que o principal objetivo da nova investigação é determinar se o contrato de venda realmente incluiu a controversa cláusula da última parcela e disse que “há antecedentes que podem ser prova de suborno, com seu correlato de suborno, e possíveis infrações fiscais”.

“O contrato em inglês nas Ilhas Virgens Britânicas não foi incluído na investigação (de 2017), portanto é um novo antecedente”, disse.

A presidência chilena insistiu novamente na defesa da inocência de Piñera e reiterou que ele se desassociou de suas empresas antes de tomar posse, “há mais de 12 anos”.

“O presidente Piñera não tem e nunca teve qualquer participação na gestão da empresa que vendeu (…) e não tomou nenhuma ação ou fez nenhuma gestão em sua qualidade de presidente, nem em seu primeiro mandato, nem em seu segundo, em relação à Mineradora Dominga”, acrescentou.

A oposição anunciou que está preparando um pedido de impeachment no Parlamento, que poderia levar não só à destituição de Piñera do cargo, como à proibição de que ele volte a exercer cargos públicos. EFE

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