O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (PSOL), protagonizaram acirradas trocas de farpas públicas após a megaoperação policial que resultou na morte de 121 pessoas na capital fluminense, um confronto que expõe divergências profundas sobre segurança pública e direitos humanos.
A disputa começou com críticas de Guilherme Boulos durante agenda em São Paulo, onde condenou governadores aliados a bolsonaro/" title="Mais notícias sobre jair bolsonaro">Jair Bolsonaro, entre eles Cláudio Castro, por fazerem “demagogia com sangue”. Boulos reagia às manifestações favoráveis à ação policial nos complexos da Penha e do Alemão, que, em uma operação marcada pela extrema letalidade, resultou em 121 mortos, incluindo quatro policiais. Para ele, a tentativa de capitalizar politicamente a tragédia humana é repulsiva e errada.
O governador, por sua vez, respondeu com ataques pessoais nas redes sociais, classificando Boulos como um “paspalhão” e evitando comentar diretamente as acusações. Pouco depois, Boulos ironizou a situação de Castro ao mencionar o deputado estadual TH Joias (MDB), recentemente preso sob suspeita de ligação com o Comando Vermelho, atualmente alvo de investigação que desgasta ainda mais o governador.
O embate ocorre em meio a sérios desdobramentos judiciais e políticos decorrentes da operação mais letal da história do Rio de Janeiro, que mobilizou 2.500 agentes e teve como alvo o tráfico de drogas em 26 comunidades. A ação, que causou a morte de 117 suspeitos e quatro policiais, também resultou na prisão de dezenas de pessoas e apreensão de armamentos pesados, mas segue sob suspeitas de abuso de poder por parte das forças de segurança.
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Boulos defendeu que o combate ao crime organizado deve ser estruturado e focado nas grandes organizações, citando a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, como modelo eficaz para atingir os “peixes grandes” e não a população vulnerável das favelas. Ele destacou as propostas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como a PEC da Segurança Pública e o Projeto de Lei Antifacção, esforços legislativos que buscam soluções estruturais e longe da “demagogia” e das operações midiáticas típicas do passado.
Em contrapartida, Cláudio Castro reafirmou que a megaoperação simboliza o início de uma nova fase na luta contra a criminalidade, afirmando que a sociedade não suporta mais o avanço da violência e que ações como essa são necessárias, apesar das críticas. O governador colocou-se como representante dos cidadãos cansados da insegurança e do descontrole do crime nas ruas.
Contexto da Operação
- A Operação Contenção, realizada no fim de outubro de 2025, deixou 121 mortos (117 suspeitos e 4 policiais) e é a mais letal da história do Rio;
- Foram mobilizados 2.500 agentes das Polícias Civil e Militar com foco na facção Comando Vermelho em comunidades da Penha e do Alemão;
- A ação resultou em prisões, apreensão de armamentos pesados e drogas, mas também desencadeou protestos e investigações sobre abusos e execuções extrajudiciais;
- O episódio expôs tensões políticas e ideológicas entre governadores estaduais e o governo federal, refletindo debates sobre segurança, direitos humanos e estratégias efetivas.



