sexta-feira, 07/11/25 - 23:27:23
21 C
Rio de Janeiro
InícioRio de JaneiroArcebispo critica celebração de chacina no Rio: “Quando o cristão comemora a morte, o Evangelho se cala”
Sociedade Adoecida

Arcebispo critica celebração de chacina no Rio: “Quando o cristão comemora a morte, o Evangelho se cala”

A repercussão da chacina no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes durante uma megaoperação policial, continua a gerar indignação em diversos setores da sociedade. Desta vez, o alerta veio da própria Igreja Católica.

O arcebispo de Cachoeiro de Itapemirim, Dom Luiz Fernando Lisboa, publicou um artigo contundente no site da CNBB condenando a celebração da violência e o que chamou de “fé adoecida” diante da banalização da morte.


“Quando o sangue é aplaudido, o Evangelho se cala”

No texto, Dom Luiz afirma que “quando a sociedade celebra o sangue derramado, o Evangelho se cala — e com ele morre um pouco da nossa humanidade”. O arcebispo aponta que a reação de parte da população à operação no Complexo da Penha e do Alemão revela um grave adoecimento espiritual. “A fé que aplaude a morte é uma fé deformada”, diz o religioso.

Segundo ele, a Igreja Católica sempre ensinou, desde os primeiros séculos, que a vida é dom de Deus e que ninguém tem o direito de destruí-la. “Cada pessoa — inclusive quem errou, quem caiu, quem se perdeu — é imagem e semelhança de Deus. Toda morte é uma perda para a humanidade, não uma vitória”, escreveu.

Mais Notícias

PF diz que suspeito de ser tesoureiro do CV se reuniu com secretário de Cláudio Castro

Relatório da Operação Zargun revela encontro entre tesoureiro do CV e secretário de Defesa do Consumidor do Rio, Gutemberg Fonseca, para discutir apoio político.

TSE mantém indeferimento de candidato do partido de Bolsonaro acusado de chefiar milícia

Tribunal rejeita novo recurso de Eduardo Araújo (PL) e confirma decisão que barrou sua candidatura a vereador por envolvimento com grupo criminoso em Belford Roxo

O texto também cita o Papa Francisco, lembrando que “nenhuma paz é duradoura quando se constrói sobre o sangue dos irmãos”. Para o arcebispo, “justiça sem misericórdia se transforma em vingança”, uma crítica direta ao discurso que naturaliza ações policiais letais e políticas de segurança baseadas em extermínio.


“Defender a vida não é proteger o crime”

Em tom firme e pastoral, Dom Luiz Lisboa defende que “defender a vida não é proteger o crime, mas reafirmar que o mal se vence com o bem”. Ele propõe políticas públicas que unam segurança, educação, escuta e cuidado, e condena a lógica social que transforma tragédias em espetáculo.

“Evangelizar hoje significa mudar a mentalidade que faz da violência um show e do sofrimento uma torcida”, escreveu. Para o religioso, a verdadeira revolução cristã é a prevenção: investir em educação, saúde e segurança antes que o mal aconteça.

“A prevenção é a nova revolução cristã: cuidar antes que o mal aconteça, estender a mão antes que o outro caia”, destacou.

O artigo ecoa um posicionamento cada vez mais presente entre religiosos e movimentos de direitos humanos, que exigem o fim das chacinas policiais e cobram responsabilidade do Estado por políticas de segurança baseadas na preservação da vida.


A fé diante da violência e da indiferença

Dom Luiz encerra o artigo com um apelo à coerência e à ternura: “Ser cristão é acreditar que a vida tem sempre a última palavra. Diante da violência e do ódio, somos chamados a trocar a vingança pela compaixão”.

Citando novamente o Papa Francisco, o arcebispo conclui: “Quando você comemora a morte de alguém, o primeiro que morreu foi você mesmo.”

A manifestação do religioso ocorre em meio ao debate sobre o papel das instituições religiosas e civis na construção de uma cultura de paz. Enquanto parte da opinião pública aplaude ações violentas, vozes como a de Dom Luiz Fernando Lisboa reforçam a necessidade de reconstruir valores de empatia, solidariedade e compaixão — fundamentos essenciais de uma sociedade democrática.

Para o Diário Carioca, a fala do arcebispo é um chamado urgente à reflexão sobre o preço humano e moral das operações policiais letais e o risco de uma nação que se acostuma a contar corpos em vez de salvar vidas.

JR Vital
JR Vitalhttps://www.diariocarioca.com/
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.
Parimatch Cassino onlineParimatch Cassino onlineParimatch Cassino onlineParimatch Cassino online

Relacionadas

PF diz que suspeito de ser tesoureiro do CV se reuniu com secretário de Cláudio Castro

Relatório da Operação Zargun revela encontro entre tesoureiro do CV e secretário de Defesa do Consumidor do Rio, Gutemberg Fonseca, para discutir apoio político.

TSE mantém indeferimento de candidato do partido de Bolsonaro acusado de chefiar milícia

Tribunal rejeita novo recurso de Eduardo Araújo (PL) e confirma decisão que barrou sua candidatura a vereador por envolvimento com grupo criminoso em Belford Roxo

Câmara do Rio cobra medidas para conter avanço do mar na Praia da Macumba

Presidente Carlo Caiado pede à prefeitura aplicação de lei que prevê fundos artificiais e reserva de verba no orçamento de 2026.

TSE deve retomar julgamento que pode cassar Cláudio Castro ainda em novembro

Relatora já votou pela cassação do governador do Rio por abuso de poder político e econômico em esquema do Ceperj nas eleições de 2022.

MP do Rio pede nova prisão de líderes do Comando Vermelho

Promotores apontam manobras para atrasar julgamento de homicídio que se arrasta há mais de duas décadas.

Mais Notícias

Assuntos:

Recomendadas