Rio de Janeiro – Uma pesquisa da Fiocruz revela que as altas temperaturas no Rio de Janeiro elevam a mortalidade na capital. O calor intenso representa um risco maior para idosos, além de pessoas com diabetes, hipertensão, Alzheimer, insuficiência renal e infecções urinárias.
Os dados foram analisados conforme o protocolo de Níveis de Calor (NC) da Prefeitura do Rio, que define riscos e ações conforme a intensidade do calor. O estudo indica que em Nível de Calor 4, quando a temperatura ultrapassa 40°C por quatro horas ou mais, há um aumento de 50% na mortalidade por doenças preexistentes entre idosos.
Impacto do calor na saúde pública
No Nível de Calor 5, que ocorre com duas horas de temperatura acima de 44°C, o risco de morte cresce ainda mais, dependendo da duração do calor extremo. O pesquisador João Henrique de Araujo Morais, responsável pelo estudo, afirma que esses níveis representam um perigo real à saúde.
“O estudo confirma que, nesses níveis extremos, o risco à saúde é real”, destacou Morais.
A pesquisa reforça a necessidade de políticas públicas para enfrentar os efeitos da emergência climática, incluindo a adaptação das cidades para lidar com ondas de calor mais frequentes.
Grupos mais vulneráveis ao calor
Além dos idosos, outros grupos correm maior risco, como trabalhadores expostos ao sol, moradores de rua, crianças e pessoas em áreas de Ilhas de Calor Urbano.
Para mitigar os impactos, o Protocolo de Calor do Município do Rio recomenda medidas como pontos de hidratação, adaptação de horários de trabalho e suspensão de atividades de risco em temperaturas extremas.
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Métrica inovadora para exposição ao calor
O estudo propõe uma nova métrica, a Área de Exposição ao Calor (AEC), que leva em conta o tempo de exposição ao calor, um fator ignorado por outras medições como a temperatura média. Segundo a pesquisa, uma AEC de 64ºCh (graus-hora) aumenta em 50% o risco de morte entre idosos. Quando atinge 91,2°Ch, esse risco dobra.
A métrica foi aplicada em duas datas distintas para comparação. Em 12 de janeiro de 2020, o índice de calor foi de 32,69°C, enquanto em 7 de outubro de 2023, ficou em 32,51°C. Apesar dos valores próximos, a exposição prolongada fez com que a AEC fosse 20 vezes maior no segundo dia.
“Medidas-resumo como médias e máximas podem subestimar dias anormalmente quentes. A AEC permite identificar isso e pode auxiliar na formulação de protocolos de calor”, explicou Morais.
Entenda o impacto do calor extremo na saúde
- A mortalidade aumenta em até 50% entre idosos e pessoas com doenças crônicas em períodos de calor intenso.
- O tempo de exposição ao calor é um fator decisivo para o risco à saúde.
- Trabalhadores ao ar livre e moradores de rua estão entre os mais afetados.
- O Protocolo de Calor do Rio propõe ações emergenciais, como pontos de hidratação e suspensão de atividades em níveis críticos.
- A métrica AEC pode auxiliar na criação de estratégias de mitigação para eventos de calor extremo.