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Castro defende ação policial a filhos de diplomatas: ‘É complicado para o policial saber se é filho de rico’

Jovens foram proibidos pelos pais de depor à Polícia Civil sobre abordagem

Foto: Divulgação / Agência Brasil
Foto: Divulgação / Agência Brasil

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), manifestou críticas ao Ministério das Relações Exteriores e defendeu os policiais militares envolvidos na polêmica abordagem a filhos de diplomatas ocorrida em Ipanema, na última semana. Em declaração nesta terça-feira (9), Castro afirmou ser difícil para os policiais discernirem a identidade dos abordados em uma região com histórico de assaltos frequentes.

“A situação ali em Ipanema, onde moradores reclamam bastante de assaltos cometidos por jovens, complica a tarefa dos policiais em distinguir se são filhos de diplomatas, de pessoas ricas ou de indivíduos cometendo delitos”, destacou o governador.


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Castro rebateu críticas de racismo na abordagem, mencionando que os jovens abordados eram de diferentes etnias, negras e brancas. Ele enfatizou a necessidade de uma análise cuidadosa antes de se condenar a ação policial, ressaltando que qualquer erro cometido será corrigido.

Crucificar o policial é o mais fácil. Se teve erro, nós vamos corrigir. Mas a gente tem que entender a complexidade

Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro

Relembre o caso

A polêmica teve início quando dois policiais militares abordaram quatro jovens, sendo dois negros e dois brancos, filhos de representantes diplomáticos do Canadá, Gabão e Burkina Faso. As imagens da abordagem, registradas por câmeras de segurança, mostram os policiais apontando armas para os adolescentes, o que gerou críticas de truculência por parte dos diplomatas, especialmente do embaixador do Gabão no Brasil, Jacques Michel Moudouté-Bell, que denunciou o episódio como um ato de racismo.

O governo federal exigiu uma investigação rigorosa sobre o caso, mas Castro afirmou não ter sido contatado formalmente pelo Itamaraty antes da divulgação de críticas públicas à ação policial. Ele defendeu o trabalho da Polícia Militar e pediu mais respeito e consideração por parte do Ministério das Relações Exteriores.

Eles não entraram em contato. Preferiram botar nota pública antes de saber o que aconteceu. Isso é uma coisa que a gente tem que tomar cuidado. Atacar a polícia sem de saber o que aconteceu é muito fácil. Espero que, por parte do Itamaraty e do Ministério [das Relações Exteriores], eles tenham mais respeito e mais consideração pela Polícia Militar. Quando os filhos deles estão aqui, quem vai defender é a polícia. Atacar a polícia sem ao menos ligar antes para dialogar?

Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro

Filhos de diplomatas foram proibidos pelos pais de depor

Os filhos dos diplomatas envolvidos foram impedidos pelos pais de depor à Polícia Civil do Rio de Janeiro, sendo agendada uma entrevista com o Itamaraty na presença de uma psicóloga para tratar do incidente.

A Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) continua buscando um depoimento dos adolescentes por videoconferência, mesmo após a recusa inicial dos representantes diplomáticos.

Neste domingo (7), pessoalmente, o embaixador do Gabão no Brasil, Jacques Michel Moudouté-Bell, esteve na Deat e avisou que não iria levar seu filho para depor. Jacques Michel enviou uma carta ao Itamaraty protestando contra a abordagem, que considerou racista.