O governador Cláudio Castro afirmou que comandará pessoalmente a reocupação de áreas dominadas pelo crime no Rio de Janeiro. O plano deve ser elaborado em até 180 dias, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) após o julgamento da ADPF 635.
Durante entrevista ao jornal O Globo, Castro declarou que a retomada será ampla, com participação das polícias, prefeitos, universidades e imprensa. Ele destacou o uso de inteligência, tecnologia e investigação como base da estratégia.
Plano amplo será liderado por Castro
Castro afirmou que o projeto de retomada não será limitado à presença policial. Segundo ele, o plano precisa integrar ações sociais, serviços públicos e financiamento da União. “Não adianta fazer um programinha aqui, outro ali. Tem que ser grande”, disse.
Segurança com foco em inteligência e tecnologia
O governador explicou que o estado já investe quase R$ 1 bilhão por ano em tecnologia, equipamentos e investigação. Ele citou a implementação de câmeras corporais e câmeras embarcadas em veículos antes mesmo da decisão da ADPF.
ADPF 635 e os quatro pilares da crise
Castro defendeu que a ADPF 635 limitava a atuação da polícia e favorecia a expansão do crime. Segundo ele, quatro fatores agravaram a segurança:
- A própria ADPF
- Falhas nas fronteiras, com aumento da entrada de armas e drogas
- Decisões judiciais que soltam autores de crimes de baixo impacto
- Interpretação do STJ que favorece o tráfico de armas
Esses elementos, segundo ele, formaram uma “tempestade perfeita” na segurança do estado.
Críticas e pontos positivos da ADPF
Apesar das críticas, o governador reconheceu aspectos positivos da medida. Ele concorda com regras para a entrada da polícia em residências, atuação do Ministério Público e respeito à cena do crime com atuação da perícia.
Uso de helicópteros como plataforma de tiro
Castro defende o uso de helicópteros armados em determinadas situações. Segundo ele, não há registros de civis atingidos por tiros disparados dessas aeronaves. Ele afirma que, em alguns casos, a medida evita danos maiores.
Participação federal e o papel da PF
A decisão do STF também prevê o reforço da atuação da Polícia Federal e do Coaf em crimes com dimensão nacional. Castro, porém, se mostrou contrário à presença da PF em comunidades. “Eles não são treinados para isso”, argumentou.
Segundo o governador, o comitê Cifra, que integra PF e Coaf, perdeu força após a saída do ex-ministro Flávio Dino. Hoje, segundo ele, o comitê é operado apenas por agentes estaduais.
Letalidade e policiamento ostensivo
Castro afirma que a decisão do STF não estimula a violência policial. Para ele, o policiamento mais ostensivo pode, inclusive, reduzir confrontos. A decisão reforça o uso comedido da força e cobra medidas preventivas.
Mensagem aos moradores e aos criminosos
O governador declarou que o fim da politização do debate sobre segurança permite o retorno de ações efetivas. Ele afirma que a maioria dos moradores de favelas será beneficiada. Sobre os criminosos, enviou um recado direto: “os defensores deles perderam a ação e a gente vai continuar combatendo eles”.
Entenda o caso: a reocupação de comunidades no RJ
- A ADPF 635, conhecida como ADPF das Favelas, exigia limites à ação da polícia em comunidades do Rio de Janeiro.
- O STF aprovou um plano de reocupação de territórios dominados por criminosos.
- O estado tem 180 dias para apresentar a proposta.
- A retomada inclui ações sociais, policiamento e apoio federal.
- O governo investe em inteligência, câmeras corporais e tecnologia de segurança.
- O uso de helicópteros como plataforma de tiro permanece permitido.
- A Polícia Federal e o Coaf devem atuar em crimes de maior abrangência.
- Castro rejeita a presença da PF nas favelas, alegando falta de preparo para esse tipo de operação.