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Comissão de Combate ao Racismo irá oficiar consulado argentino sobre imitação de macaco por argentina

Um ato contra o ocorrido será realizado na Praça Tiradentes, na área central da cidade do Rio

Carolina de Palma foi gravada imitando macaco em samba. Foto: reprodução
Carolina de Palma foi gravada imitando macaco em samba. Foto: reprodução

A Comissão de Combate ao Racismo da Câmara Municipal do Rio de Janeiro decidiu oficiar tanto o Consulado Argentino quanto a Associação Orff-Schulwerk da Argentina sobre o incidente ocorrido durante a roda de samba Pede Teresa, na Praça Tiradentes, no último dia 19. A decisão foi tomada durante uma reunião realizada nesta segunda-feira (29).

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O caso envolve um casal – um brasileiro e uma argentina – que foi filmado imitando macacos durante o evento. A comissão busca que as instituições se manifestem sobre o ocorrido e confirmem oficialmente a identidade da argentina envolvida para que as investigações possam prosseguir.


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“A comissão está acompanhando de perto o caso. Vamos oficiar a Asociación Orff Argentina para entender quais medidas administrativas serão tomadas e também o Consulado Argentino para obter a confirmação oficial da identidade da mulher. Esse é mais um caso de racismo recreativo entre tantos outros que não são filmados nem noticiados. Instituímos a Comissão de Combate ao Racismo (CCOR) que tem a responsabilidade institucional de propor ações para prevenção, combate e superação do racismo na cidade do Rio. A CCOR não tolerará desrespeito com a cultura, territórios e comunidade negra carioca”, declarou Monica Cunha, presidente da Comissão de Combate ao Racismo.

A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) já identificou e intimou o casal, embora ainda não haja detalhes sobre as datas dos depoimentos ou a logística, dado que o suspeito reside em São Paulo e a suspeita é estrangeira.

Na última sexta-feira (26), novas testemunhas, o empresário João Ricardo, de 37 anos, e o jornalista Thiago Teixeira, também de 37, prestaram depoimento. Ambos confirmaram que o casal chegou a imitar os sons de animais durante o evento, enquanto estavam ao fundo de um vídeo que estavam editando para uma página sobre sambas do Rio.

A professora argentina estava no Rio para um evento no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, realizado entre os dias 15 e 19 deste mês. A Junta Diretiva Internacional do Fórum Latino-americano de Educação Musical (Fladem) solicitou uma investigação sobre o caso e esclareceu que os envolvidos não são associados à entidade.

A Associação Orff-Schulwerk da Argentina defendeu a professora, alegando que a imitação de animais no contexto pedagógico não possui conotação racista. A nota da organização afirmou que a professora é associada há muitos anos e que tais atos não são considerados racistas na Argentina.

Como resposta ao ocorrido, o Pede Teresa convocou um ato contra o racismo, marcado para a próxima sexta-feira (2) na Praça Tiradentes, na área central da cidade, onde o episódio ocorreu.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, os organizadores convidaram o público a participar do ato: “A gente está aqui não só para convidar vocês para a nossa roda de samba. A gente convida vocês para o nosso ato contra o racismo (…) Racismo é crime, chegue chegando, mas chega devagar, valeu? Respeite quem pôde chegar onde a gente chegou e quando chegar no terreiro, procure primeiro saber quem eu sou”.

O Diário Carioca entrou em contato com a Embaixada da Argentina no Brasil, mas, até o fechamento da matéria, não tivemos retorno.