Criminosos expandem para além das comunidades o controle de internet e transporte no RJ

23 de março de 2025
Leia em 3 mins
Criminosos impõem monopólios sobre internet e transporte no RJ, ameaçando moradores e empresas. Polícia investiga o esquema ilegal
Freepik

Rio de Janeiro – Criminosos no Rio de Janeiro estão ampliando seu domínio para além das comunidades, controlando serviços de internet, transporte por aplicativo e até fornecimento de água e luz. Facções como Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP), além de grupos milicianos, impõem monopólios em diversos bairros e cidades da Região Metropolitana.

Os moradores enfrentam dificuldades para acessar serviços e são ameaçados quando tentam contratar empresas de fora do domínio dessas organizações. Casos recentes mostram que provedores independentes são impedidos de operar, enquanto aplicativos de transporte como Uber e 99 sofrem restrições em áreas como Ilha do Governador e São João de Meriti.

Domínio do mercado de internet

Nesta quarta-feira (19), policiais militares apreenderam um carro e equipamentos de uma empresa de internet que atuava em Brás de Pina, bairro dominado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, um dos líderes do TCP.

Os agentes suspeitam que a empresa Octa Telecom recebeu autorização do tráfico para operar na região, diferentemente de outras que sofrem ataques e proibições. Na semana anterior, Renato de Oliveira, representante da RDO Telecom, foi preso por envolvimento com um provedor clandestino. As investigações revelaram que a empresa usava um CNPJ falso, registrado como uma fornecedora de cestas básicas em Nova Iguaçu.

Segundo a polícia, essas empresas faturam milhões com serviços ilegais e o dinheiro financia atividades criminosas. Moradores afirmam que operadoras tradicionais, como Claro, não atuam mais nessas regiões, deixando poucas alternativas além dos provedores controlados pelo crime organizado.

Violência contra funcionários e ameaças

Funcionários de empresas de telecomunicações relatam agressões e ameaças ao tentarem prestar serviço em territórios dominados por facções. Segundo depoimentos à 22ª DP (Penha), criminosos quebraram celulares, roubaram equipamentos e forçaram trabalhadores a abandonar veículos da empresa. Um dos técnicos afirmou que, caso não pagasse uma taxa ao TCP, teria seu carro incendiado.

O delegado Pedro Bittencourt, da Delegacia de Serviços Delegados (DDSD), explicou que a internet se tornou um serviço estratégico para os criminosos:

“Essas facções impõem monopólios ilegais, obrigando moradores a contratar provedores específicos, aumentando seu domínio territorial e arrecadação financeira.”

Os criminosos também sabotam empresas concorrentes, cortando e queimando cabos, o que prejudica até mesmo unidades policiais como a 22ª DP (Penha), que sofre quedas frequentes de sinal.

Bloqueio de aplicativos e imposição de cooperativas

A proibição do uso de aplicativos de transporte é outra forma de controle. Motoristas de Uber e 99 são impedidos de circular em diversas regiões e substituídos por cooperativas ligadas ao crime. Segundo a Amobitec, associação que representa o setor, essas restrições comprometem a segurança e limitam a liberdade de escolha dos moradores.


LEIA TAMBÉM

O que dizem as empresas

A Claro afirmou que vandalismo, roubo e bloqueios de acesso impedem a prestação de serviço. Em nota, a empresa declarou:

“O furto e a destruição de cabos impactam milhões de clientes, afetando até serviços de emergência.”

A Uber lamentou a situação e afirmou que bloqueia viagens em áreas com alto risco. Já a 99 destacou que apoia medidas para garantir a liberdade de circulação dos motoristas.

A Secretaria de Segurança Pública do RJ informou que realiza um levantamento sobre a situação das operadoras afetadas pelo crime e pretende discutir soluções com a Anatel ainda este mês.


Entenda o caso: o monopólio criminoso no Rio de Janeiro

  • Facções e milícias impõem monopólios sobre serviços essenciais.
  • Empresas de internet clandestinas financiam atividades criminosas.
  • Criminosos sabotam redes concorrentes e ameaçam funcionários.
  • Aplicativos de transporte são proibidos e substituídos por cooperativas.
  • Investigações apontam lucro milionário das facções com esses serviços.
  • A polícia intensifica operações para desarticular esses esquemas.

Com informações do portal G1

Redacao

Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca

Authors

Newsletter

Most viewed

– Publicidade –

Don't Miss

Homens armados são flagrados no meio de moradores de Rio as Pedras durante jogo do Flamengo — Foto: Reprodução TV Globo

Milicianos armados aterrorizam moradores em Rio das Pedras

Criminosos cobravam taxas ilegais durante partida
Fiscalização na Avenida Brasil usa drones para flagrar motos em passarelas do BRT

Drones ajudam SEOP e GM a flagrar motos em passarelas

Ação na Avenida Brasil aplica 53