Rio de Janeiro – A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga um esquema em que empresários estariam encomendando roubos de cargas com matérias-primas para abastecer indústrias. Os crimes envolvem produtos como plásticos e ferro silício, usados na fabricação de aço.
Apesar da queda nos assaltos em rodovias, os roubos desses materiais cresceram nos últimos meses. Para as autoridades, essa mudança indica a ação de receptadores qualificados.
Roubos apontam para encomendas
Novo foco das quadrilhas
Antes, os criminosos buscavam cargas fáceis de revender, como alimentos e bebidas. Agora, segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte, Felipe Coelho, os alvos são produtos industriais com pouca utilidade no mercado informal.
- “Esses itens só são roubados porque há compradores. Produtos como ferro silício ou caminhões especializados não interessam a ambulantes ilegais”, afirmou.
Ação articulada
De acordo com o delegado Fábio Asty Dantas, da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), quadrilhas especializadas vinculadas ao tráfico realizam os assaltos. Os motoristas sequestrados são levados às comunidades, onde ocorre o transbordo das mercadorias.
Investigações e operações recentes
As forças de segurança intensificaram ações contra o crime organizado. Em uma operação no Complexo da Maré, policiais recuperaram cargas de plástico roubadas. Durante o confronto, dois suspeitos morreram e uma mulher inocente foi baleada.
Outro caso relevante aconteceu em julho, quando a Polícia Militar evitou o roubo de uma carga de polietileno avaliada em R$ 300 mil na região de Manguinhos.
Estratégias para frear o crime
O secretário de Segurança Pública, Victor Cesar dos Santos, defendeu punições severas para empresários envolvidos. Ele destacou a necessidade de bloquear bens, revogar alvarás e impedir que os suspeitos abram novas empresas.
Impacto financeiro e logístico
O crime gera prejuízos milionários. Segundo a Firjan, as perdas chegaram a R$ 164 milhões até agosto, sem contar custos adicionais com segurança e seguros.
Empresas de transporte investem cerca de 15% de sua receita em tecnologias para prevenir assaltos. Contudo, o custo acaba repassado ao consumidor, como explicou Eduardo Rebuzzi, presidente do Conselho Empresarial de Logística.
- “Além dos investimentos em rastreamento e blindagem, existe uma taxa de emergência excepcional que onera ainda mais a operação”, destacou.
Com informações da Agenda do Poder