Rio de Janeiro (RJ) – O Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) iniciaram um estudo de viabilidade para a possível integração do Hospital Federal da Lagoa (HFL) ao Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). A medida faz parte do Plano de Reestruturação dos Hospitais Federais do Rio de Janeiro. O estudo terá duração de 60 dias, e a primeira reunião ocorrerá em 4 de abril.
A pesquisa analisará o perfil assistencial das unidades, a ampliação dos serviços oferecidos ao Sistema Único de Saúde (SUS) e as necessidades de estrutura física e governança. Representantes do Ministério da Saúde, da Fiocruz e do HFL conduzirão a análise.
Objetivos do estudo
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que o estudo garantirá um diagnóstico detalhado. Segundo ele, a medida busca fortalecer a rede hospitalar federal e ampliar a oferta de serviços no SUS.
“Vamos acompanhar de perto esses 60 dias. A inteligência e a experiência do IFF e do HFL serão fundamentais para construir ações efetivas, sempre em diálogo com os trabalhadores”, afirmou.
Além disso, Padilha garantiu que nenhum trabalhador será demitido. “Esse acordo não resultará em cortes de pessoal. O objetivo é fortalecer a Fiocruz e o SUS”, ressaltou.
Infraestrutura e desafios
O presidente da Fiocruz, Mario Moreira, afirmou que a integração pode ajudar a resolver problemas estruturais enfrentados pelo IFF. “Temos uma força de trabalho altamente qualificada, mas a infraestrutura chegou ao limite. Essa cooperação pode proporcionar melhores condições para o instituto”, explicou.
Plano de Reestruturação dos hospitais federais
A possível integração do HFL e do IFF faz parte do plano de reestruturação elaborado pelo Ministério da Saúde. A iniciativa começou em 2024 e prevê mudanças na administração das unidades federais do Rio de Janeiro.
Até o momento, quatro hospitais já passaram por mudanças:
- Hospital Federal de Bonsucesso – administração transferida ao Grupo Hospitalar Conceição;
- Hospital Federal do Andaraí (HFA) e Hospital Federal Cardoso Fontes (HFCF) – gestão municipalizada pela Prefeitura do Rio de Janeiro;
- Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) – estudo em andamento para possível fusão com o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (Unirio).
O plano prevê repasse de recursos federais e metas para ampliar o atendimento no SUS, como a criação de novos leitos.
Histórico dos hospitais federais no Rio de Janeiro
A capital fluminense conta com seis hospitais federais, especializados em tratamentos de alta complexidade dentro do SUS. Essa concentração é reflexo do período em que o Rio de Janeiro foi capital do Brasil, entre 1763 e 1960. Após a transferência para Brasília, essas unidades permaneceram sob gestão do Ministério da Saúde.
Ao longo dos anos, os hospitais federais enfrentaram desafios como falta de insumos, alagamentos e equipamentos obsoletos. Em 2020, um incêndio no Hospital Federal de Bonsucesso causou a morte de três pacientes e interrompeu serviços essenciais, como transplantes de córnea e rim.
O Plano de Reestruturação busca modernizar essas unidades e garantir seu funcionamento adequado. No entanto, as medidas enfrentam resistência de servidores, que realizaram greves e protestos contra as mudanças.
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Entenda o caso: Reestruturação dos hospitais federais do RJ
- O que está acontecendo? O Ministério da Saúde e a Fiocruz estudam a possível integração do Hospital da Lagoa ao IFF.
- Qual o objetivo do estudo? Avaliar a viabilidade da fusão, analisando perfis assistenciais e infraestrutura.
- Quanto tempo vai durar? O estudo será concluído em 60 dias.
- Haverá demissões? O ministro da Saúde garantiu que não haverá cortes de trabalhadores.
- Quais hospitais já passaram por mudanças? Bonsucesso, Andaraí, Cardoso Fontes e HFSE.