Rio de Janeiro – A Justiça determinou nesta terça-feira (25) a liberdade do motociclista de aplicativo Thiago Marques Gonçalves e do universitário Igor Melo de Carvalho, de 32 anos, baleado por um policial militar reformado. Igor segue internado em estado grave no Hospital Getúlio Vargas, na Penha. A decisão também encaminha o caso para a Promotoria de Investigação Penal e para a Corregedoria da PM.
Os dois foram presos em flagrante na noite de domingo (23) após um casal os acusar de um assalto. O PM reformado Carlos Alberto de Jesus admitiu ter efetuado os disparos, alegando que a dupla teria roubado o celular de sua esposa, Josilene da Silva Souza. Contudo, em novo depoimento, Carlos Alberto alterou sua versão dos fatos.
PM reformado muda versão
Imagens analisadas pela investigação mostram que Igor saiu do bar onde trabalha às 1h06 da segunda-feira (24), enquanto registros do aplicativo de transporte confirmam que ele solicitou a corrida às 1h27. No entanto, Josilene relatou que o assalto ocorreu por volta das 23h de domingo. A juíza Rachel Assad da Cunha, da 29ª Vara Criminal da Capital, destacou que os indícios contra os acusados foram “totalmente esvaziados”.
Diante das evidências, a Justiça revogou a prisão dos dois e determinou que a Corregedoria da PM e a Promotoria avaliem a conduta do PM reformado. Ele e a esposa prestaram depoimento nesta terça-feira.
Motociclista relata drama na prisão
Thiago Marques, que chegou a ser levado para o presídio de Benfica, saiu da unidade sem calçados e com ferimentos pelo corpo, devido à queda da moto após os tiros. Emocionado ao reencontrar a mãe, ele descreveu sua estadia na cadeia como “as piores horas da vida”. Segundo ele, na delegacia, Josilene insistia que ele era o assaltante, mesmo diante das evidências contrárias.
Igor segue internado em estado grave
A família de Igor informou que ele foi atingido pelas costas, passou por cirurgia, perdeu um rim e segue com o estômago e o intestino comprometidos. Parentes e amigos questionam a ação do PM e acusam racismo. “Viram meu primo, um homem negro em uma moto, e resolveram fazer justiça com as próprias mãos”, afirmou Pâmela, prima de Igor.
O Botafogo, onde Igor colaborava no portal Vitrine Esportiva, manifestou apoio ao jovem e cobrou justiça nas redes sociais. “Estamos juntos em pensamentos positivos! O clube cobra elucidação dos fatos”, publicou o time.
Investigação segue em andamento
A delegacia segue analisando imagens de câmeras de segurança para verificar se há registro do suposto assalto e entender o trajeto da moto de Thiago. O PM reformado, que não foi preso em flagrante, não respondeu às tentativas de contato da imprensa.