Operação continua

Manifestação na Maré fecha uma das principais avenidas do Rio

Moradores protestam contra demolições na comunidade

Manifestação na Maré fecha Avenida Brigadeiro Trompowski
Foto: Reprodução / TV

A Avenida Brigadeiro Trompowski foi bloqueada na manhã desta sexta-feira (23) por moradores e comerciantes do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, em protesto contra as demolições em andamento no Parque União. A via, que liga a Avenida Brasil à Ilha do Governador, foi palco de mais uma manifestação contra a derrubada de imóveis considerados ilegais e relacionados ao tráfico de drogas.

Desde o início da semana, as polícias Civil e Militar, juntamente com a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), estão presentes na comunidade para destruir o que é descrito como o “condomínio do tráfico” — um conjunto de imóveis em construção, eriguidos sem autorização e sem cumprir normas de segurança.

Na segunda-feira (19), barricadas foram montadas na Avenida Brigadeiro Trompowski para interromper o tráfego. A operação, que teve início na terça-feira (13), não registrou tiroteios entre traficantes e policiais, conforme informou a Polícia Militar.

Além do bloqueio da avenida, professores organizaram um protesto em frente à Prefeitura do Rio. Na quinta-feira (22), cerca de 900 estudantes ficaram sem aulas devido à operação policial. Este ano, já são 26 os dias em que pelo menos uma escola na Maré não funcionou, número que supera o total de dias do ano passado. Desde o início da operação, ao menos 26 das 49 escolas do Complexo da Maré estiveram paralisadas.


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Conforme relatado por um morador, todo o comércio local foi fechado às 20h da última quinta-feira, exceto padarias e farmácias, que mantiveram funcionamento limitado. Segundo o morador, a Polícia Militar impediu a entrada dos manifestantes nas áreas onde as demolições estão ocorrendo.

Até a última atualização desta reportagem, não havia relatos de confrontos significativos entre manifestantes e forças de segurança.

O que diz a DRE

Em nota, a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) afirma que as investigações indicam que o Parque União tem sido utilizado há anos para a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, através da construção de empreendimentos para esconder capital ilícito. Além disso, os agentes estão apurando a possível colaboração de funcionários de órgãos comunitários no esquema.

Durante a primeira fase da operação, foi revelado que a facção criminosa colocava moradores fictícios em 90% dos prédios para dificultar as demolições. Nos primeiros três dias desta semana, 24 prédios foram descaracterizados, totalizando 133 unidades.

Imóveis ilegais

Segundo a Seop, a operação não tem uma data definida para conclusão. Até o momento, foram demolidos 31 prédios, correspondendo a cerca de 147 apartamentos, dos quais 10 eram comerciais e 137 residenciais.