Rio de Janeiro – Moradores da Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, denunciam novas cobranças impostas por milicianos. A quadrilha, que já extorquia comerciantes e prestadores de serviço, agora exige uma taxa para mudanças e vendas de imóveis. Além disso, assumiu o controle da associação de moradores e cobra por água, luz e gás.
Os paramilitares também impuseram uma “taxa de reforma”, proibindo qualquer obra sem pagamento prévio. A região é alvo de disputa entre traficantes e milicianos, aumentando a violência.
Cobranças abusivas
Moradores relatam que a taxa de mudança chega a 20% do valor do imóvel vendido. Caso o antigo dono não pague, o novo comprador é obrigado a arcar com a cobrança. “Se você vai vender a casa, precisa dar parte do valor para eles”, afirmou um morador.
A situação se agravou com a tomada das associações de moradores pelos criminosos. “Agora, eles controlam tudo e cobram até pelo fornecimento de água, luz e gás”, denuncia outro residente.
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Taxa sobre reformas e pequenos comércios
Além da “mensalidade” de R$ 70, qualquer reforma em residências também exige pagamento. “Se o morador quiser levantar um muro ou pintar a casa, precisa pagar. Se eles virem, cobram imediatamente”, explicou uma vítima.
Até mesmo vendedores ambulantes são extorquidos. “Quem vende cachorro-quente paga R$ 50 ou R$ 80 por semana. Até vassoureiros são obrigados a pagar cinquenta reais”, relatou um comerciante local.
Região é palco de disputas violentas
A Colônia Juliano Moreira abriga 21 mil habitantes e possui oito associações de moradores. Em fevereiro, o presidente da associação, Fabio Paulo Ramalho, foi assassinado a tiros. Segundo a Delegacia de Homicídios, ele participava da cobrança de taxas e foi morto por um grupo rival.
Dias após o crime, a polícia realizou uma operação na localidade Dois Irmãos e prendeu três suspeitos.
Entenda o caso: cobranças ilegais na Zona Oeste
- Milicianos cobram taxa de até 20% sobre venda de imóveis
- Mudanças só são autorizadas mediante pagamento
- Obras e reformas precisam ser aprovadas e pagas aos criminosos
- Comerciantes sofrem extorsão semanal
- Presidente de associação foi morto em disputa entre grupos
- Operação policial prendeu três suspeitos em fevereiro