Mortes e violações de direitos na segurança pública no RJ preocupam

Relatório da Alerj revela impacto da violência e da ação policial

Redacao
Por Redacao - Equipe
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Rio de Janeiro – A crise na segurança pública do Rio de Janeiro continua em evidência com dados alarmantes. Um relatório divulgado pela Comissão de Direitos Humanos da Alerj na última terça-feira (10) apontou que 51,1% das denúncias recebidas este ano envolvem violações cometidas pelo Estado. Os casos, em sua maioria, ocorrem em residências, especialmente durante operações policiais nas favelas.

As estatísticas também mostram a gravidade da situação. Segundo o Instituto Fogo Cruzado, 623 pessoas morreram por disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio entre janeiro e outubro de 2024. Embora tenha havido uma redução de 5% em relação ao mesmo período de 2023, os números permanecem elevados.

Casos recentes, como o da contadora Alessa Vitorino, baleada durante uma operação policial na Maré, e da médica Gisele Mello, morta dentro do Hospital Marcílio Dias, reforçam a preocupação. As mortes ocorreram em regiões de operações da Polícia Militar, o que reacende críticas sobre a eficácia das incursões.

Críticas às operações policiais

A presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, Dani Monteiro (PSOL), destacou que as violações ocorrem principalmente em comunidades pobres. Segundo a deputada, as operações “não acontecem em áreas como Ipanema ou Gávea”. Ela criticou o que chamou de “lógica de guerra” adotada pelo Estado.

“A brutalidade policial resulta em abusos, tortura e execuções. Isso é reflexo da impunidade e da militarização da polícia. Precisamos de uma segurança baseada em prevenção e inteligência, não em repressão”, afirmou Monteiro. Ela defendeu também a “reciclagem” das polícias e o investimento em educação e inclusão social.

Violência em SP e conexão com o Rio de Janeiro

A violência policial também tem sido destaque no estado de São Paulo. Dados do Ministério Público de São Paulo mostram um aumento de 46% nas mortes cometidas por policiais militares até novembro deste ano, comparado a 2023.

Os governadores Cláudio Castro (PL), do Rio, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, adotam políticas semelhantes na segurança pública. Para o professor Lenin Pires, da Universidade Federal Fluminense (UFF), o modelo atual é baseado em repressão extrema, enquanto políticas preventivas são ignoradas.

“Essa política de confronto faz com que as polícias acreditem ter poder ilimitado. Contudo, a violência é seletiva, atingindo principalmente os territórios pobres”, afirmou o antropólogo. Ele reforça que a segurança pública atual “protege os interesses dos mais poderosos”.

Governo de São Paulo responde

Em resposta, o governo de São Paulo afirmou, por meio de nota, que não tolera desvios de conduta. Segundo o comunicado: “Os casos de confrontos são rigorosamente investigados pelas corregedorias e órgãos competentes”. A nota também destacou a existência de programas de formação continuada para policiais.

O governo do Rio de Janeiro, porém, não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Entenda o caso: falhas na segurança pública no RJ

  • Denúncias: 51,1% das violações relatadas à Alerj envolvem o Estado.
  • Mortes: 623 pessoas morreram por armas de fogo no Rio em 2024.
  • Operações policiais: Alvo de críticas por abusos e execuções em comunidades pobres.
  • Conexão SP-RJ: Políticas semelhantes nos estados reforçam modelo repressivo.
  • Críticas: Especialistas defendem prevenção e inteligência no lugar do confronto.

Com informações do Brasil de Fato RJ

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