Em depoimento, viúva de miliciano Adriano Nóbrega aponta versão de quem mandou matar Marielle

Uma versão sobre os assassinatos da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e do motorista Anderson Gomes, que detalha seus mandantes, foi revelada aos promotores do Ministério Público do estado (MP-RJ) pela viúva do miliciano Adriano da Nóbrega, Julia Mello Lotufo. 

O depoimento, proposto por Julia em caráter de delação premiada, não obteve consenso entre os promotores e, por isso, ainda não foi aceito pelo órgão. Eles questionam inconsistências e ausência de provas nos relatos. As informações são da revista Veja.

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Além do assassinato de Marielle, a viúva de Adriano também teria detalhado aos promotores a participação do marido em diversos homicídios encomendados pela milícia, revelando ainda os nomes de agentes públicos que receberam propina para acobertar crimes.

No depoimento, segundo a Veja, Julia teria afirmado que Adriano foi procurado por lideranças da milícia que atua na comunidade da Gardênia Azul, no Rio, para elaborar um plano de assassinato para Marielle. Adriano teria negado a proposta por considerar “arriscada demais”. Depois do crime, ele teria questionado milicianos de Rio das Pedras que teriam afirmado que a ordem foi dada pelo alto comando da Gardênia Azul. 



Adriano da Nóbrega era apontado como chefe do Escritório do Crime, grupo de milicianos que atuam como assassinos de aluguel / Foto: Reprodução

Adriano foi morto em uma operação da Polícia Militar da Bahia, em fevereiro do ano passado. A versão original afirmava que ele morreu em confronto com os agentes, mas a família afirma que ele teria sido torturado e executado. O corpo do ex-PM, apontado como chefe do Escritório do Crime – milícia organizada na zona Oeste do Rio -, foi exumado recentemente para nova perícia.

Julia cumpre prisão domiciliar após ter sido acusada de integrar uma organização criminosa e ter envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro ligados às atividades de Adriano. Ela propôs o depoimento em troca da revogação de medidas restritivas.

O crime, ocorrido em março de 2018, que vitimou Marielle e Anderson, ainda está em fase de investigação pelo MP-RJ. Adriano já foi apontado como participante do atentado, mas o órgão havia descartado ele como suspeito.

Na última quarta-feira (14), conforme noticiado pelo Brasil de Fato, os pais e familiares da vereadora Marielle Franco, a viúva de Marielle, vereadora Mônica Benício (Psol), e representantes do Instituto Marielle Franco, da Justiça Global, da Terra de Direitos e da Anistia Internacional Brasil estiveram em frente ao MP-RJ, no centro da cidade, para questionar as interferências nas investigação das mortes da vereadora e do motorista Anderson Gomes.

Edição: Mariana Pitasse