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Pesquisa inédita realiza mapeamento sobre racismo e violência religiosos no Brasil

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A Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), em parceria com o centro de candomblé Ilê Omolu Oxum, lançou uma pesquisa inédita para mapear casos de racismo religioso no Brasil. O estudo faz parte do projeto “Respeite meu terreiro”, que pretende localizar e entender como se dá a violência contra os povos de religiões de matriz africana no país.

A ideia inicial é entregar formulários para as lideranças religiosas de matriz africana de todo o país detalharem as violências sofridas. A segunda parte da pesquisa vai compilar os dados recebidos e, além de analisar os resultados sobre racismo religioso, traçar perfis dos terreiros, suas tradições e relações com a comunidade.

A coordenadora nacional da Renafro, mãe Nilce de Iansã, fala em entrevista ao programa Central do Brasil, uma parceria da rede TVT com o Brasil de Fato, que o objetivo da pesquisa é revelar quais lugares e de que formas o racismo religioso se manifesta no Brasil.

“Nós que somos de terreiro sabemos que o racismo religioso é um determinante social para nossa saúde, ele nos adoece. Essa pesquisa vai nos trazer informações de onde ele está acontecendo para que possamos combatê-lo”, explica.

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No ano de 2021, foram feitas 571 denúncias de violação à liberdade de crença no Brasil, segundo a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH).  Apesar de os casos envolverem violações contra todas as religiões, números de 2019 mostram que entre as denúncias identificadas mais da metade dos crimes foram cometidos contra pessoas e comunidades de religião afro. Apenas 0,3% da população brasileira se declarar integrante de religião de matriz africana, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Só no Rio de Janeiro, em 2020, foram registrados mais de 1,3 mil crimes que podem estar ligados a intolerância religiosa, de acordo com Instituto de Segurança Pública (ISP).

Para mãe Nilce, “existe um imaginário negativo sobre o povo de religiões de Matriz Africana por falta de conhecimento”. Ela explica que estas religiões merecem respeito como todas as outras e que os centros de candomblé e umbanda promovem trabalhos sociais para auxiliar toda a sociedade.

“Vem uma turma de desavisados, de desrespeitosos e invadem nossas casas, quebram nosso sagrado que a gente cuida com tanto carinho. Então a gente precisa mapear, saber onde isto está acontecendo”, finaliza.

O resultado da pesquisa será entregue ao Ministério Público Federal (MPF) e demais órgão competentes, como o Conselho de Direitos Humanos da ONU. A ideia é estimular o debate sobre o assunto e a criação de políticas públicas de combate ao racismo religioso e proteção às comunidades de religiões de matriz africana.

O formulário da pesquisa leva em média cinco minutos para ser respondido e está disponível nas redes sociais da Renafro e Ilê Omolu Oxum até o dia 30 de maio.

Edição: Mariana Pitasse


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