O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, abriu neste domingo (17) o Urban 20, fórum de prefeitos do G20, realizado no Armazém da Utopia, no Rio de Janeiro. O evento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acompanhou as discussões sobre o papel dos governos locais no enfrentamento de desafios globais.
“Nossos atos serão a real medida da nossa grandeza”, afirmou o prefeito, dirigindo-se ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos demais líderes presentes.
Paes iniciou sua fala com uma menção ao ex-presidente dos Estados Unidos Lyndon Johnson, citada pela prefeita de Paris.
“Quando o fardo da presidência parece pesado demais, eu sempre me lembro que poderia ser pior: eu poderia ser um prefeito. Ser prefeito é mais duro do que ser presidente da República”, disse, provocando risos entre os presentes. Ele acrescentou: “Todos aqui sabem o quão incrível, mas também o quão duro, é esse ofício. Por isso, faço questão de celebrar a presença dos prefeitos e prefeitas de todo o mundo, que enfrentam desafios diários para melhorar a vida de suas populações”.
O prefeito também destacou a necessidade de um maior protagonismo das cidades no cenário internacional, especialmente diante de crises globais como as mudanças climáticas e a desigualdade social.
“Peço que o G20 reconheça o papel diferenciado dos governos locais como parte essencial da esfera pública. Somos nós, prefeitos, que estamos mais próximos das comunidades e enfrentamos problemas globais em escala local”, afirmou.
Metas e desafios globais
Ao tratar das prioridades do G20, Paes reforçou o atraso no cumprimento de metas globais, mas ressaltou a importância do momento atual.
“Em meu discurso de abertura nesta cúpula, alertei sobre o atraso cronológico das metas do Acordo de Paris e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. No entanto, celebro este momento único, com a presença de lideranças como a sua, presidente Lula, que demonstram a consciência da tarefa essencial que temos pela frente”, disse Paes.
O prefeito também pediu aos países do G20 que garantam investimentos significativos em ações climáticas locais.
“Solicitamos ao grupo que se comprometa com pelo menos US$ 800 bilhões anuais até 2030 para projetos climáticos de mitigação e adaptação. Este é um passo crítico para estimular investimentos privados e melhorar o acesso das cidades a recursos necessários”, pediu.
Outro ponto destacado por Paes foi a criação de fundos de garantia específicos para cidades, como o Fundo de Garantia para a Cidade Verde. “Precisamos de instrumentos financeiros que possibilitem o acesso a empréstimos em condições melhores. Isso é crucial para viabilizar projetos que atendam às demandas das populações mais vulneráveis”, completou o prefeito.
Desigualdade entre cidades
Em um momento de seu discurso, Paes fez questão de enfatizar a diferença entre cidades do Sul Global e do Norte Global.
“Uma agenda de redução da desigualdade não deve se traduzir apenas em igualdade entre cidadãos, mas também em igualdade entre cidades. Hoje, o acesso desigual a capital entre nós e o Norte Global precisa ser reparado. Essa diferença é fruto de processos históricos complexos e sensíveis”, afirmou.
O prefeito destacou que as cidades dos países em desenvolvimento enfrentam dificuldades estruturais para progredir e que superar essas barreiras é essencial para a promoção de uma verdadeira igualdade global.
“O progresso das cidades menos desenvolvidas é o único caminho para alcançarmos um equilíbrio real entre as nações. Não são pleitos simples, mas também não são impossíveis. Precisamos transformar palavras em ações concretas”, completou.
União e cooperação
Encerrando seu discurso, Paes citou o poeta Carlos Drummond de Andrade para ilustrar a importância da colaboração entre os prefeitos e os países representados no evento.
“Como diz Drummond, companheiros e companheiras, sigamos juntos, de mãos dadas. Só por meio de esforços coordenados e parcerias multilaterais é que alcançaremos nossos objetivos”, falou.
O Urban 20 reúne prefeitos e líderes globais para discutir soluções urbanas em torno de três eixos principais: inclusão social e combate à fome e pobreza, transição energética e enfrentamento das mudanças climáticas, além da reforma das instituições de governança global. Paes destacou que os debates serão cruciais para reforçar o papel das cidades na busca por soluções concretas para os desafios do século 21.
“Somos o nível de governo mais próximo das pessoas e temos o dever de melhorar as condições de vida daqueles que mais precisam. Não podemos deixar ninguém para trás, em nenhum lugar. A presidência brasileira do G20, liderada por você, presidente Lula, é um reflexo de como podemos construir uma governança global que reconheça a importância das cidades”, concluiu Paes.