Vergonha Carioca: Eduardo Paes revoga lei contra homenagens a escravocratas no Rio de Janeiro

12 de janeiro de 2025
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Lei que proibia homenagens a escravocratas no Rio de Janeiro é revogada por Eduardo Paes, gerando debates sobre memória histórica.
© Fernando Frazão/Agência Brasil

Rio de Janeiro — A lei municipal que proibia homenagens a escravocratas e figuras ligadas a atos racistas foi revogada no Rio de Janeiro.

O prefeito Eduardo Paes sancionou a nova medida em 2 de janeiro, encerrando a vigência da Lei 8.205/2023, que buscava remover do espaço público monumentos e placas alusivos a essas personalidades.

O texto original, de autoria dos vereadores Chico Alencar e Mônica Benício, havia sido sancionado tacitamente em novembro de 2023 e previa a transferência das homenagens para espaços museológicos, acompanhadas de informações históricas. Contudo, a nova lei, proposta por cinco vereadores, anulou a iniciativa após votação com 24 votos favoráveis e 7 contrários.

Proposta original visava reparação histórica

A Lei 8.205/2023, considerada uma medida de reparação histórica, foi inspirada em iniciativas globais contra monumentos que glorificam figuras ligadas à escravidão. Segundo o texto, monumentos já existentes deveriam ser retirados do espaço público e novos tributos a escravocratas ficariam proibidos.

Essa proposta foi aprovada pela Câmara em outubro de 2023 e sancionada sem manifestação do prefeito. No entanto, após pressões contrárias, um novo projeto para revogar a medida foi apresentado pelos vereadores vereadores Dr. Gilberto (SDD), Dr. Rogério Amorim (PL), Carlo Caiado (PSD), Pedro Duarte (Novo) e Carlos Bolsonaro (PL). 

Argumentos contrários à proibição

Os proponentes da revogação argumentaram que a lei anterior poderia prejudicar a memória de personalidades históricas relevantes para o Brasil. “Personalidades históricas complexas não devem ser reduzidas a figuras exclusivamente negativas”, afirmou o vereador Pedro Duarte.

Em sessão na Câmara, Duarte também citou exemplos internacionais, como debates sobre monumentos de Winston Churchill, para reforçar a necessidade de abordar o tema com maior cautela.

Reações de defensores da lei revogada

A vereadora Mônica Benício, uma das autoras da lei original, defendeu que a proposta buscava ampliar a perspectiva histórica. “Não queremos apagar história, mas promover uma reparação e dar espaço a outras narrativas”, declarou.

A historiadora Camilla Fogaça, ligada à plataforma Galeria de Racistas, lamentou a revogação. Segundo ela, a medida anulada representava uma resposta às demandas por revisão histórica e combate ao racismo. “A permanência desses monumentos reforça valores hegemônicos que ignoram os anseios de comunidades marginalizadas”, afirmou.

Debates sobre monumentos controversos

Plataformas como a Galeria de Racistas destacam exemplos de monumentos polêmicos no Rio de Janeiro, incluindo:

  • Marquês de Lavradio, associado ao Cais do Valongo, ponto de desembarque de escravizados.
  • Manuel Nunes Viana, bandeirante que utilizou escravizados em conflitos armados.
  • Duque de Caxias, que liderou tropas em ações contra negros desarmados.

Além disso, há críticas ao busto do padre Antônio Vieira, que justificava a escravização de negros em seus escritos.

Entenda o debate sobre a revogação

  • Lei 8.205/2023: Proibia homenagens a escravocratas e previa remoção de monumentos do espaço público.
  • Revogação: Nova lei foi sancionada em 2025 por Eduardo Paes, anulando a norma anterior.
  • Polêmica: Argumentos divergiram entre a preservação histórica e a necessidade de reparação.
  • Exemplos polêmicos: Estatúanas do Marquês de Lavradio, Duque de Caxias e outros permanecem sob debate.

Com informações da Agência Brasil

JR Vital

JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.

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