A reunião entre o ministro Alexandre de Moraes (STF) e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), nesta segunda-feira (3), começou sob clima de tensão. O encontro teve como tema a megaoperação policial que resultou em mais de 120 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, com rigoroso controle da equipe do magistrado sobre os participantes.
Seleção de participantes e clima de tensão
Fontes do governo fluminense informaram que houve uma “varredura” nos nomes indicados por Castro, com vetos a alguns secretários por determinação da equipe de Moraes. Uma integrante teria justificado que o ministro participaria de “reunião de trabalho, e não um espetáculo”. A assessoria do STF confirmou que apenas os nomes autorizados no despacho oficial puderam comparecer, prática comum em agendas formais da Corte.
No encontro, realizado no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), estiveram presentes o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, o coronel Marcelo de Menezes (PM), o delegado Felipe Curi (Polícia Civil) e o perito Waldyr Ramos, todos ligados à coordenação das operações no estado.
Diretrizes da ADPF das Favelas
Moraes é relator da ADPF das Favelas, que estabelece diretrizes para ações policiais em comunidades do Rio. Ele determinou a preservação e documentação integral das provas, o controle das perícias e a manutenção da cadeia de custódia, atendendo a pedidos da Defensoria Pública da União.
Na semana anterior, Moraes exigiu que o governo fluminense apresentasse relatórios detalhados da operação, incluindo número de mortos, feridos, agentes mobilizados e armamentos utilizados.
O ministro Gilmar Mendes também cobrou um plano concreto de reocupação das áreas dominadas por facções, afirmando que “enquanto as incursões forem pontuais, os resultados continuarão sendo parciais e insustentáveis”.

