Brasília – O senador Romário (PL-RJ), relator da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, incluiu no relatório final a recomendação de indiciamento de Bruno Tolentino, tio do jogador Lucas Paquetá, e dos empresários William Rogatto e Thiago Chambó Andrade. O documento será lido nesta terça-feira (11) e votado na quarta-feira (12). A CPI não incluiu jogadores de futebol na lista de indiciados.
Paquetá, meio-campista do West Ham, é alvo de uma investigação na Inglaterra sob suspeita de envolvimento em manipulação de partidas. Apesar disso, a CPI decidiu não recomendar seu indiciamento.
A CPI analisou documentos e depoimentos para embasar as recomendações do relatório. Entre os investigados, Tolentino foi citado por repassar R$ 30 mil ao jogador Luiz Henrique, ex-Botafogo, suspeito de receber um cartão amarelo propositalmente enquanto atuava pelo Betis, da Espanha, em 2023.
Os indiciados respondem por promessa de vantagem para alteração de resultados esportivos, crime cuja pena pode variar entre dois e seis anos de prisão.
O relatório também sugere a prisão de William Rogatto, conhecido no mercado de apostas como “Rei dos Rebaixamentos”. Ele foi preso pela Interpol em Dubai, em novembro de 2024, e confessou aos parlamentares seu envolvimento em esquemas de manipulação. Rogatto teria influenciado 42 rebaixamentos de clubes em 26 estados do Brasil e em nove países.
Já Thiago Chambó, também mencionado na Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás, foi apontado como financiador de esquemas de manipulação. O ex-jogador Bruno Lopez afirmou à CPI que Chambó negociava pagamentos a jogadores, com valores que chegavam a R$ 150 mil por pênalti ou expulsação.
Se aprovado, o documento será enviado ao Ministério Público e à Justiça, que decidirão sobre as recomendações. Segundo o advogado Leonardo Ruiz Machado, não há obrigatoriedade de acatar as sugestões da CPI.
O GLOBO tentou contato com as defesas de Tolentino, Rogatto e Chambó, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.