O Brasil ocupa o quarto lugar entre os países mais estressados do mundo, conforme o relatório “World Mental Health Day 2024”, divulgado pelo Instituto Ipsos.
Cerca de 77% da população brasileira já refletiu sobre a importância de cuidar da saúde mental, evidenciando a crescente preocupação com o tema.
O dado revela uma situação alarmante no país, onde 54% dos entrevistados identificaram a saúde mental como o maior problema de saúde pública, um salto significativo em comparação com 2018, quando apenas 18% apontavam essa questão.
De acordo com a Dra. Leninha Wagner, PhD em neurociências e especialista em psicologia clínica, fatores como a violência, a desigualdade social e a instabilidade política são grandes fontes de estresse no Brasil.
A especialista explica que, embora o brasileiro seja conhecido por sua alegria, “essa felicidade aparente não reflete a ausência de estresse. Há uma pressão econômica e emocional constante que não é visível nas interações cotidianas”, disse em entrevista ao Diário Carioca.
Uma epidemia silenciosa
O relatório também apontou que o estresse é um problema global: 62% da população mundial afirmou já ter se sentido tão estressada que isso afetou suas vidas diárias.
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Em países como Chile (69%), Suécia (68%) e Austrália (60%), a saúde mental foi identificada como a principal preocupação. O Brasil, com 54%, ocupa a nona posição, demonstrando que o estresse é uma questão urgente no país.
Segundo Leninha, o estresse pode ser “contagioso” devido à ressonância emocional, o que faz com que ambientes sociais e profissionais se tornem catalisadores de estresse coletivo.
“Em contextos familiares ou no trabalho, a exposição contínua ao estresse alheio pode gerar uma resposta automática em quem está ao redor, criando um ciclo de tensão”, explica.
O Estresse nas Gerações
A pesquisa destaca que o estresse afeta de maneira mais intensa as gerações mais jovens. Entre as mulheres da geração Z, 46% relataram impactos significativos do estresse em sua rotina, enquanto 33% dos homens da mesma faixa etária apresentaram relatos semelhantes.
As gerações anteriores, como os Millennials e a geração X, também enfrentam estresse, mas em menor proporção.
A especialista atribui essa diferença às pressões sociais e emocionais que as mulheres enfrentam, principalmente em relação às expectativas de cuidado com a família e a carreira.
“As mulheres tendem a processar o estresse de forma mais intensa devido às demandas sociais e profissionais, especialmente em um país como o Brasil, onde ainda existe a expectativa da dupla jornada de trabalho”, disse.
O Controle do Estresse
O controle do estresse, segundo a Wagner, envolve uma combinação de estratégias psicológicas e neurocientíficas. Ela menciona que técnicas como mindfulness e exercícios de respiração profunda podem ajudar a reduzir a ativação do sistema nervoso simpático, associado à resposta de “luta ou fuga”.
Além disso, a prática de atividades físicas e a psicoeducação para identificar os gatilhos do estresse são fundamentais.
A Dra. também destaca a relação entre ansiedade e estresse. “A ansiedade pode amplificar a resposta ao estresse, criando um ciclo de alerta constante. Isso gera uma liberação maior de cortisol, o hormônio do estresse, afetando negativamente a saúde mental”, explica.
O Desafio do Brasil
O relatório da Ipsos evidencia que o Brasil vive uma verdadeira epidemia de estresse, algo que a Dra. Leninha acredita estar relacionado à complexa situação política e social do país.
“A incerteza econômica e a violência são fatores que aumentam essa carga emocional”, afirma.
Ela alerta que, sem políticas públicas adequadas e uma maior conscientização sobre o tema, o cenário tende a piorar.
Com o crescimento constante da preocupação com a saúde mental e o aumento dos índices de estresse, é necessário que o Brasil enfrente o problema de forma ampla e eficaz, com foco em ações de prevenção e tratamento.
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O estudo revela um panorama preocupante, mas, como conclui a Dra. Leninha, o controle do estresse é possível.
“Com técnicas adequadas e apoio emocional, é viável construir uma resiliência diante desse cenário, tornando a saúde mental uma prioridade no país”, finaliza.