Saúde Mental

Estresse crônico e depressão aumentam risco de desenvolvimento de Alzheimer, revela estudo

Doença neurodegenerativa afeta cerca de 100 mil novas pessoas todos os anos no Brasil; especialista do CEJAM reforça importância de um cuidado integrado com a saúde mental e física para prevenção

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

Um estudo recente publicado na revista científica Alzheimer’s Research & Therapy identificou uma possível relação entre a Doença de Alzheimer (DA) e condições como estresse crônico e depressão. De acordo com o Dr. Roger Reis, neurologista do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, a descoberta reforça a importância de um cuidado integrado com a saúde mental e física para a prevenção da doença.

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O Alzheimer, uma doença neurodegenerativa que leva à perda progressiva de neurônios em áreas do cérebro responsáveis por funções cognitivas como memória e linguagem, é a forma mais comum de demência no Brasil, afetando cerca de 1,2 milhão de pessoas. Estima-se que 100 mil novos casos da doença sejam diagnosticados a cada ano no país, segundo o Ministério da Saúde.

“O risco de desenvolver Alzheimer é significativamente maior em pacientes que sofrem de estresse crônico ou depressão, o que destaca a necessidade de um foco maior em estratégias de prevenção. Precisamos agir agora para reduzir esses números alarmantes, especialmente considerando o envelhecimento da população”, afirma o médico. 

Estresse crônico e depressão

Segundo o estudo, o risco de desenvolver Alzheimer dobra em indivíduos com estresse crônico ou depressão, especialmente em adultos de 18 a 65 anos, que apresentam maior probabilidade de comprometimento cognitivo à medida que envelhecem.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que cerca de 11,7 milhões de brasileiros, ou 5,8% da população, sofrem de depressão, reforçando a relevância desses fatores de risco. 


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Fatores de risco e prevenção

Conforme esclarece o neurologista, embora a doença, geralmente, se manifeste após os 65 anos, menos de 5% dos casos são considerados de início precoce. Além do envelhecimento, fatores como predisposição genética, histórico familiar e condições como baixa escolaridade, doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, depressão e estilo de vida sedentário são contribuintes conhecidos para o desenvolvimento do Alzheimer.

“A principal teoria que explica o desenvolvimento do Alzheimer é a chamada ‘cascata da proteína amiloide’, na qual depósitos anormais dessa proteína no cérebro causam a degeneração dos neurônios. Além dos sintomas típicos de perda de memória, a doença pode se apresentar com alterações comportamentais, afasia progressiva ou déficits visuoespaciais”, explica. 

Importância do diagnóstico precoce

Dr. Roger enfatiza que a identificação precoce do Alzheimer é crucial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. “Os primeiros sinais podem ser sutis, como esquecimentos frequentes, desorientação e alterações no humor. É fundamental procurar um especialista assim que esses sintomas forem observados”, recomenda.

Testes de estado mental, como o Mini Exame do Estado Mental (MEEM), e exames de neuroimagem, como a ressonância magnética, são ferramentas importantes no diagnóstico. 

Novas terapias

Recentemente, o tratamento do Alzheimer tem avançado com o uso de anticorpos monoclonais, como aducanumabe, donanemab e lecanemab, que mostraram potencial para retardar a progressão da doença.

“Essas terapias inovadoras oferecem uma nova esperança para os pacientes, permitindo que o avanço da doença seja controlado de forma mais eficaz”, acrescenta o neurologista. 

Prevenção e cuidados com a saúde cerebral

Manter a saúde cerebral é fundamental para prevenir demências. Dr. Reis recomenda a prática regular de atividades físicas, melhoria da qualidade do sono, controle do peso e a adoção de hábitos saudáveis, como evitar alimentos ultraprocessados e manter o cérebro ativo com novas experiências cognitivas.

“Com cuidados preventivos adequados e um diagnóstico precoce, muitos pacientes podem conviver com Alzheimer por anos, mantendo uma boa qualidade de vida”, conclui o especialista.