Rio de Janeiro – Na semana em que começa o processo de municipalização do Hospital Federal do Andaraí, servidores em greve há 54 dias denunciam diversos problemas na unidade, desde a falta de insumos básicos até o fechamento da cozinha. Um grupo de manifestantes reuniu-se na manhã desta segunda-feira na porta do hospital, protestando contra a transferência da gestão para a prefeitura. Após 90 dias, a administração compartilhada poderá ser prorrogada até que a prefeitura assuma definitivamente a unidade, que era de responsabilidade do Ministério da Saúde.
O que você precisa saber
- Greve de servidores: Funcionários do Hospital do Andaraí estão em greve há 54 dias.
- Falta de insumos: Unidades sem seringas e cozinha fechada.
- Transferência de gestão: Hospital passará para a gestão da prefeitura.
- Crise nas unidades federais: Gestão das unidades federais no Rio se agravou no início deste ano.
Problemas no Hospital do Andaraí
Um fisioterapeuta do Centro de Tratamento de Queimados informou que a unidade está sem condições de receber pacientes infantis por falta de mão de obra e materiais. A enfermaria infantil está sem pediatra há mais de cinco anos, impossibilitando internações.
“O hospital não interna crianças muito novas, apenas acima de oito anos, porque falta material pediátrico e pessoal. Os contratos não são renovados, e vivemos numa eterna incerteza com contratos temporários”, disse o servidor, que preferiu não se identificar.
Emergência fechada e obras inacabadas
O Hospital do Andaraí, escolhido como o primeiro a ser transferido para a gestão municipal, enfrenta um cenário desafiador. Com apenas 55% dos seus 304 leitos ocupados, a unidade de média e alta complexidade está com a emergência fechada e obras inacabadas, como a do setor de radioterapia. Ontem, pacientes na urgência foram orientados a procurar o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro.
Falta de materiais e condições precárias
Anderlane Pereira, auxiliar de enfermagem do setor de cirurgia plástica, criticou a falta de insumos básicos, como seringas, e o fechamento da cozinha, prejudicando a alimentação dos pacientes. “O hospital sofre ingerências políticas desde 2018. A cozinha fechada faz com que a comida perca sabor ao ser transportada, e os pacientes acabam recusando”, disse Anderlane.
Pacientes enfrentam dificuldades
Pacientes também se queixam dos problemas da unidade. Gilberto Olímpio, de 70 anos, trata um câncer no reto desde 2016 e teve sessões de quimioterapia suspensas por três meses devido à falta de medicamentos. Ele relatou que em outra ocasião encontrou a unidade fechada por conta da greve.
“O tratamento é bom, mas a constante falta de medicamentos prejudica o andamento do tratamento”, afirmou Gilberto.
Protestos contra municipalização
Um protesto contra a municipalização reuniu servidores do Hospital do Andaraí e de outras unidades federais. Cristiane Gerardo, diretora do Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde e Previdência do Estado do Rio de Janeiro (Sindsprev), disse que a entidade entrou com uma ação popular pedindo a anulação da portaria da ministra Nísia Trindade, que transfere a gestão para o município.
Reunião entre prefeito e ministra
O prefeito Eduardo Paes reuniu-se com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, para discutir os detalhes do processo de transferência do hospital para o município. Ao longo desta semana, as equipes técnicas acertarão como será a gestão compartilhada pelos próximos 90 dias. A União cederá bens móveis e imóveis, além de disponibilizar servidores federais. A prefeitura assumirá toda a administração do Andaraí ao fim do período de transição.
Com informações do GLOBO.