Arábia Saudita adere oficialmente aos Brics, confirma TV estatal

A filiação saudita coincide com tensões entre China e Estados Unidos, à medida que a influência chinesa cresce no reino

Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro e governante de facto da Arábia Saudita, em 11 de setembro de 2023 [Money Sharma/AFP via Getty Images]
Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro e governante de facto da Arábia Saudita, em 11 de setembro de 2023 [Money Sharma/AFP via Getty Images]

A Arábia Saudita formalizou sua entrada no bloco dos Brics, como é conhecido o grupo de países emergentes constituído originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, informou a televisão estatal da monarquia islâmica.

Faisan bin Farhan al-Saud, ministro de Relações Exteriores da Arábia Saudita, afirmou em agosto último que seu governo avaliaria os detalhes da data proposta de 1° de janeiro para a filiação ao bloco, a fim de tomar “a decisão apropriada”.

O príncipe e chanceler descreveu o bloco dos Brics como um “canal benéfico e importante” para fortalecer a cooperação econômica transnacional.

No ano passado, o bloco original decidiu ampliar seu escopo, ao deferir a adesão de Argentina, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia e Irã. O novo governo de extrema-direita do presidente argentino Javier Milei, no entanto, rescindiu o convite.

A filiação saudita coincide com tensões entre China e Estados Unidos, à medida que a influência chinesa cresce no reino. Sob mediação de Pequim, Irã e Arábia Saudita normalizaram laços, após anos de conflitos por procuração.

Apesar de relações históricas com os Estados Unidos, o reino saudita decidiu buscar seu próprio caminho, demonstrando mais uma vez a queda da influência americana na região do Golfo.

A China, maior importador de petróleo saudita, liderou os esforços para expandir os Brics, junto do governo russo que busca contornar sanções por sua invasão à Ucrânia.

Não há informações sobre uma eventual mudança de nome do bloco, que busca alcançar uma nova ordem global, de caráter multipolar — dando protagonismo ao chamado Sul Global e indo além do eixo Europa-Estados Unidos.