Candidatas ao Congresso argentino sofreram mais de 68 mil ataques on-line

Buenos Aires, 12 nov (EFE).- As mulheres que vão disputar uma vaga no Congresso argentino no próximo domingo receberam mais de 68 mil ataques on-line durante o último mês e meio da campanha eleitoral, segundo dados atualizados nesta sexta-feira pelo “Monitor de agressão contra candidatas”.

A iniciativa, promovida pela especialista em dados Laila Sprejer em colaboração com a Fundar e a embaixada britânica em Buenos Aires, mede em tempo real os ataques sofridos diariamente por candidatas ao Congresso através da rede social Twitter.

Nesta primeira versão do monitor, mostra apenas “o nível de violência” contra as candidatas ao Congresso Nacional, sem levar em conta as candidatas ao Senado.

“O monitor de agressões on-line para candidatas busca contribuir para a compreensão do fenômeno, medindo em tempo real o nível de agressões que as mulheres recebem no Twitter. Esses ataques não representam apenas uma violação dos direitos humanos, mas uma ameaça direta ao nosso sistema democrático”, destaca o site do monitor.

Desde o início da campanha eleitoral, em 30 de setembro, as candidatas a deputadas receberam um total de 68.193 mensagens com ataques no Twitter, representando 6,2% de todas as suas notificações.

As agressões mais frequentes, mais de 16 mil, são aquelas que contemplam o “desprezo pelas capacidades” das mulheres, como os insultos “ridícula” (1.879 vezes repetidos), “inúteis” (1.679) ou “não apresentáveis” (1.643).

Também são dignas de notas as categorias relacionadas com “críticas à ações ilícitas”, com um total de 6.801 denúncias de “corrupção”, e “crítica à ação ou discurso” das candidatas, com palavrões como “atrevida” (3.696 vezes) ou “hipócrita” (3.425).

CANDIDATAS COM MAIS ATAQUES

Segundo dados do monitor, a candidata que mais sofreu ataques durante esse período foi María Eugenia Vidal, ex-governadora da província de Buenos Aires (2015-2019) e candidata da coalizão de oposição Juntos pela Mudança.

Durante o mês e meio que durou a campanha eleitoral, María Vidal sofreu 22.702 ataques no Twitter, 9,4% das mensagens que recebeu.

Ela foi seguida por Victoria Tolosa Paz, candidata a deputada pelo governante Frente de Todos, que sofreu 14.735 ataques no Twitter (7,3% de todas as suas mensagens); e Myriam Bregman, da Frente de Esquerda, que recebeu outros 9.651 ataques (9,8%).

Um total de 34,3 milhões de eleitores têm direito às urnas nas eleições legislativas do próximo domingo, que renovarão 127 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados e 24 das 72 cadeiras do Senado.

Nas primárias de setembro, que serviram para eleger os candidatos a deputados e senadores e são consideradas uma grande votação em nível nacional, a coalizão de oposição Juntos pela Mudança obteve mais de 40% dos votos de todo o país, enquanto que a Frente de Todos ganhou pouco mais de 30%. EFE