Despejo da Povo Sem Medo deixa 240 pessoas em situação indefinida em Curitiba (PR)

Quase um mês depois da execução de reintegração de posse na área Povo Sem Medo, no dia 10 de janeiro, a previsão de entidades e movimentos sociais críticos ao despejo, infelizmente, foi confirmada: 240 pessoas se dividem entre a casa de parentes, abrigos temporários, volta ao aluguel ou então totalmente desabrigadas.

Em que pese o discurso de órgãos da gestão municipal, sobretudo a Fundação de Ação Social (FAS), a respeito de realocação e condições para os desabrigados, a realidade é que o Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST), que organiza e acompanha as famílias, afirma que 66 pessoas estão em aluguel mensal, dependendo de campanhas de arrecadação, e 73 estão de favor em casa familiares e amigos, em quartos apertados e situação incerta.

“Morando todos em um quarto ou garagem e precisando sair em menos de um mês”, descreve informe do movimento acessado pela reportagem do Brasil de Fato Paraná.  

Na avaliação de Mariana Kauchakje, coordenadora do movimento, nesse período ficou nítido que a prefeitura de Curitiba não tem qualquer alternativa para as famílias, e sequer apresenta políticas públicas na área.

“Seja a FAS ou mesmo em reunião com o vice-prefeito, as respostas são todas admitindo que questão da moradia é um problema, mas todos se eximindo do problema, alegando que terrenos são muito caros, como se não houvesse instrumentos dentro do Estatuto das Cidades para ter prioridade para a compra de terrenos. É uma situação que eles admitem que não têm como dar conta, não tem verba e política pública”, critica.

Ainda de acordo com o movimento, na atual situação há também famílias que estão acolhidas por entidades como Cáritas, Núcleo Periférico e também em outras áreas de ocupação, de forma solidária, porém por curto período.

Do total de 240 pessoas, de acordo com o MTST, dez pessoas estão totalmente desabrigadas, num processo em situação de rua.

Outro lado

Enquanto principal órgão do município com a tarefa de acompanhamento da situação das famílias, o Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a assessoria de comunicação da Fundação de Ação Social (FAS), mas não obteve resposta.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Frédi Vasconcelos