Hip hop: 'Batalha da Escadaria' se torna patrimônio imaterial cultural do Recife

Desde 2008, jovens artistas e amantes da cultura hip hop têm se reunido no centro do Recife para a “Batalha da Escadaria”. O desafio de rimas improvisadas, danças e música tem sido um dos principais espaços para a expressão cultural da juventude da capital. Agora, após mais de uma década, a “Batalha da Escadaria” acaba de se tornar Patrimônio Imaterial Cultural do Recife.

O título é uma importante conquista para os participantes e fãs da Batalha da Escadaria. “O movimento hip hop é um movimento de pretas e pretos, todo mundo tem que ficar ligado nisso e é a nossa voz, e aqui na Batalha da Escadaria ela é totalmente contra ao racismo, a homofobia, a gordofobia e tantas outras coisas. Isso é muito importante pra cena nacional, vai servir de exemplo pra outras batalhas de outros estados porque a Batalha da Escadaria não é só uma batalha de MCs, tem sempre várias outras coisas e ela tá há anos”, afirma Luiz Ferrer, fundador da batalha.

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O reconhecimento veio por meio do Projeto de Lei 292/22, de autoria da vereadora Cida Pedrosa (PCdoB), que foi aprovado por unanimidade na Câmara Municipal do Recife em abril. Esse título reconhece a relevância cultural do movimento hip hop como um espaço de formação política e inclusão social.

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Foi no espaço da batalha que Tai MC encontrou a possibilidade de viver da arte. Natural de Limoeiro, município do agreste de Pernambuco, Tai MC veio para o Recife se aventurar na Batalha da Escadaria em 2012 e hoje é o MC com mais finais nacionais disputadas.

“Eu fazia esse translado do Limoeiro pra Recife pra poder batalhar e não tinha lugar pra dormir. Trazia uns cdzinhos com umas músicas que eu produzia, saia vendendo nos bares do Recife Antigo pra poder garantir pelo menos uma noite, alimentação, transporte pro outro dia. Essa é a história de motivação, porque quando comecei a batalhar não tinha essa motivação toda, a gente fazia isso pela questão da competitividade mesmo entre a gente. Nem sonhávamos em galgar muita coisa e nem acreditava que o freestyle ia ser o que ele é hoje”, disse.

Jovens artistas do movimento hip hop se apresentam na Batalha da Escadaria, espaço de formação política e inclusão social reconhecido como patrimônio imaterial cultural do Recife. / Batalha da Escadaria

Para a juventude que está chegando na cena, como o PR MC, a Batalha da Escadaria é uma oportunidade de voz e visibilidade. “O hip hop representa pra minha vida uma mudança, uma transformação, uma ferramenta que a escola pública não conseguiu me proporcionar. Quando eu me descobri no hip hop eu me descobri como pessoa. Muito além da visão de ser artista, de estar fazendo rap, modificou minha vida. Foi onde eu consegui reconhecimento e tenho toda gratidão do mundo por estar no hip hop. Acho que todo mundo precisa disso: uma ferramenta que lhe potencialize e lhe abre a visão de mundo e prova que você tem um lugar no mundo e que você pode conquistar”, contou PR MC.

Com a conquista do título de Patrimônio Imaterial Cultural, a Batalha da Escadaria se torna ainda mais forte e importante para a cultura pernambucana. Já para os jovens artistas que participam da batalha, a luta por reconhecimento e valorização continua.

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Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga