OSCAR 2014: 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO – PARA O MUNDO NÃO ESQUECER

A coluna CINE VISTO continua analisando os filmes indicados ao prêmio de Melhor Filme no Oscar de 2014.

Cine-Visto

A coluna CINE VISTO continua analisando os filmes indicados ao prêmio de Melhor Filme no Oscar de 2014. São nove ao todo. Três produções já foram analisadas: Gravidade, Capitão Phillips, Trapaça e Ela. Hoje é a vez de 12 Anos de Escravidão.

12 ANOS DE ESCRAVIDÃO – PARA O MUNDO NÃO ESQUECER

O filme está concorrendo em 9 categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor (Steve McQueen), Melhor Ator (Chiwetel Ejiofor), Melhor Ator Coadjuvante (Michael Fassbender), Melhor Atriz Coadjuvante (Lupita Nyong’o),Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Figurino, Melhor Montagem e Melhor Design de Produção.

Esta história, baseada em fatos reais, apresenta Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor), um escravo liberto que é sequestrado em 1841 e forçado por um proprietário de escravos (Michael Fassbender) a trabalhar em uma plantação na região de Louisiana, nos Estados Unidos. Ele é resgatado apenas doze anos mais tarde, por um advogado (Brad Pitt).

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Muitos podem achar que falar de escravidão é algo batido, maçante, mas a verdade é que não há tantos filmes com a temática. Uma pena, já que certas histórias precisam ser recontadas e revistas. 12 Anos de Escravidão é simplesmente incrível. O filme é bastante envolvente, mesmo com um clima razoavelmente pesado.

Ejiofor está em grande momento. Convincente, o ator nos leva diretamente a embarcar nessa saga. Sem ser caricato (o que é complicado em um papel tão intenso), Ejiofor consegue emocionar o público e fazer com que os espectadores torçam pelo fim, pouco provável, de seu sofrimento.

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Importante destacar a personagem da atriz Lupita Nyongo’o: uma escrava que se submete às mais variadas torturas e humilhações, vendo, a cada dia, suas esperanças de um final feliz se esvaindo.

Michael Fassbender mostra mais uma vez talento que vem rendendo convites em várias produções de Hollywood. Aqui, ele interpreta um proprietário de escravos orgulhoso, ranzinza e impiedoso. O personagem lhe rendeu uma indicação ao Oscar.

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A direção é o ponto alto do filme. O trabalho de McQueen é muito criativo, conseguindo criar ambiente necessário com artifícios muito originais. Destaco a sequência da tentativa de enforcamento de Salomon onde temos um avanço no tempo com imagens sobrepostas dos elementos do local, enquanto o protagonista se equilibra na ponta dos dedos para evitar o enforcamento. Confesso que fiquei tenso nesse momento.

Toda produção é de uma competência ímpar. Maquiagem, figurino, fotografia, trilha sonora, montagem, enfim, tudo em harmonia para contar a história de Salomon Northup.

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Mesmo que para muitos o preconceito racial seja um tema já superado, creio que nunca é demais apresentar os exageros desse mal que, mesmo que não pareça, ainda assola a sociedade. O diretor, Steve McQueen, disse: em entrevista: “A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) durou cinco anos e há centenas e centenas de filmes sobre a Segunda Guerra e o Holocausto. A escravidão durou 400 anos e há menos de 20 filmes. Nós temos que reparar esse equilíbrio e olhar para esse período da história”. Concordo!