Verônica Hipólito, multicampeã paralímpica, lança projeto Naurú

Durante o isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19), a velocista Verônica Hipólito, de 23 anos, lançou um projeto audacioso para ajudar atletas paralímpicos, em início de carreira, que buscam o alto rendimento no esporte . Batizada de “Time Naurú” – na língua tupi guarani o termo “naurú” significa bravo, herói, guerreiro – a iniciativa veio a público ontem (31) por meio de um vídeo publicado pela própria atleta na conta oficial do projeto no Instagram. 

“O nome é forte, fácil e tem tudo para ‘pegar’. Tínhamos outras opções, mas nenhuma delas tinha tanto significado. Esse termo naurú tem identidade, vem lá das nossas raízes indígenas. Naurú não tem gênero, é para todos. Consegue juntar tudo aquilo que a gente projeta para a nossa equipe”. 

A velocista explicou a importância de um projeto específico para abraçar as minorias. “No início, queria ter um time para competições. Mas, depois, lembrando das dificuldades que eu passei com gestores no meu início de carreira, me dei conta de que se eu –  mesmo sendo campeã mundial, medalhista paralímpica, campeã parapan-americana, e recordista das Américas – tive que passar por isso, os outros devem ter problemas muito maiores. Comecei a conversar com as pessoas e achei muitas histórias de abusos e assédios. Daí caiu a minha ficha. O esporte não é isso. Ele deve ser algo para mudar o mundo dessas pessoas”.

Além da própria Verônica Hipólito, fazem parte da equipe os paratletas Felipe Gomes, Gabriela Mendonça, Washington Júnior, Viviane Ferreira, Fabrício Júnior e Davi Wilker. Um grupo vitorioso, que soma 30 medalhas em Parapans, 14 em Mundiais e nove conquistas em Paralimpíadas. 

“E contando … Porque ainda teremos muitas pela frente. Muita gente ainda vai entrar nessa equipe com a gente. Mas, é importante destacar que, para todos nós, os valores são muito mais importantes do que qualquer medalha. O Time Naurú levanta várias bandeiras. Não aceitamos transfóbicos, xenofóbicos e racistas. O nosso time tem a maioria de negros, de mulheres, e  pluralidade de religiões. Nossos atletas têm que ser plurais, têm que ter valores que batem com os nossos. São os valores do esporte”, afirmou a idealizadora no vídeo. 

Segundo a corredora, a iniciativa é dividida em três pilares: saúde, educação e esporte. “Sem saúde a gente não consegue fazer nada. A educação é vital também. Todo mundo tem aquele professor responsável pelas primeiras lições de vida. E o esporte. Esses três pilares juntos conseguem movimentar o mundo. Saúde, educação e esporte de qualidade podem dar uma vida melhor para todos. Inclusive,  para as pessoas das comunidades mais carentes. A [equipe] Naurú está chegando para trabalhar para termos cada vez esses pilares mais fortes na nossa sociedade”.

A paratleta faz questão de participar de todas as etapas do projeto, mas destaca que o Time Naurú tem várias outras equipes trabalhando junto. “Estou participando de tudo, de cada passo. Mas sei que as pessoas da nossa equipe são especiais. O meu amigo André Nogueira, o técnico Luiz Maceió e muitos outros. Tenho uma cabeça meio maluquinha. Mas ninguém vai tirar de mim essa vontade de mudar o mundo para melhor. E com todos eles eu acredito que a gente vai conseguir mudar o mundo do esporte. Estamos preparados para voar como diz o nosso slogan”.

Buscando não restringir as ações do projeto somente ao estado de São Paulo, o Time Naurú  tem também um plano de ações sociais, voltadas ao esporte de base. “Vamos implantar em um futuro próximo o ‘Time Naurú Jr.’. Vai ter também torcida personalizada do Time Naurú e um programa de sócio-torcedor. Aguardem. Vai ter muita novidade boa por aí”, prometeu a multicampeã. .