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Os almanaques ainda estão por aí

Neste carnaval, Porto da Pedra abriu os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro trazendo como tema o Lunário Perpétuo, provavelmente o almanaque mais famoso já escrito ou, como repetiram os comentaristas da Globo, “o livro mais lido no nordeste durante 400 anos”. O motivo não poderia ser mais lógico: em tempos de (ainda mais) difícil acesso ao conhecimento, o almanaque trazia todo tipo de informações, incluindo tudo o que o povo precisava para plantar, colher e se orientar pelos astros.

Os tempos mudaram, os interesses diversificaram-se, mas a necessidade de informação, não. Por exemplo, quem viveu o século XX, praticamente em qualquer lugar do Brasil, deve se lembrar do Almanaque Abril, que durante décadas trouxe anualmente informações atualizadas sobre História, economia, geografia, política com inúmeras fotos, gráficos e mapas. O almanaque com textura de revista, conteúdo pretensamente de enciclopédia e tamanho de livro foi publicado até 2015.

Com um smartphone na mão, com um buscador como o Google facilmente acessado a qualquer momento e atualizado a todo momento, o papel dos almanaques mudou significativamente. Ainda há quem não tenha acesso ao conhecimento fácil, é verdade, mas os almanaques que resistem e ainda circulam passaram a servir mais à curiosidade e se apoiam na existência física para cumprir sua função de difusor de algum conhecimento popular.

Lunário Perpétuo - Foto: Reprodução Internet
Lunário Perpétuo – Foto: Reprodução Internet

Costumava-se ouvir falar em “sabedoria de almanaque” ou “conhecimento de almanaque” para se referir a ditos comuns e conhecimentos tão diversos quanto rasos. Atualmente, vemos o “conhecimento de internet”, uma mistura de trabalho sério, distorções e memes, em doses totalmente desproporcionais. De tudo isso podemos concluir que, se não melhoramos no quesito qualidade da informação como poderíamos, ao menos podemos exaltar a facilidade com que podemos conferir a veracidade de um conteúdo, pesquisando em mais de uma fonte. Nesta época meio pagã, meio religiosa de carnaval, é como se rezássemos para dois (ou mais) santos, uma forma de ter fé na construção da sabedoria por nós mesmos. Sabedoria de carnaval.

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Jaqueline Ribeiro
Jaqueline Ribeirohttps://www.diariocarioca.com/
Jaqueline Ribeiro é bacharela em Comunicação/Jornalismo pela UEMG-Frutal, interessada por tudo o que conta histórias, escreve sobre livros, filmes e discos

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