A proposta de anistia aos golpistas do 8 de janeiro perdeu apoio na Câmara após mudança de postura de Hugo Motta (Republicanos-PB). O PL de Jair Bolsonaro vê resistência do presidente da Casa e atribui o recuo a sua aproximação com Lula e ministros do STF.
O discurso de Motta mudou após retorno de uma comitiva oficial à Ásia, aumentando o desconforto entre parlamentares bolsonaristas. A nova postura esfria os planos da oposição de aprovar o perdão aos envolvidos nos atos antidemocráticos.
Hugo Motta muda tom após viagem oficial
Durante entrevista ao retornar ao Brasil, Hugo Motta defendeu cautela ao tratar da proposta. “Não contem com este presidente para agravar uma situação do país que já não é tão boa”, disse. Ele reforçou que agirá com “sensibilidade e responsabilidade”.
A fala ocorreu um dia após o ato na Avenida Paulista, liderado por Jair Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia, em defesa da anistia. No evento, Malafaia atacou Motta publicamente, chamando-o de “vergonha da Paraíba”.
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PL vê aproximação de Motta com Lula
Deputados do PL afirmam que a postura de Motta mudou após a viagem internacional, onde esteve com integrantes do governo e do Judiciário. Para o partido, o presidente da Câmara acelerou projetos de interesse do STF e do STJ após a viagem.
Quatro propostas do Judiciário foram pautadas com urgência, incluindo a criação de novas varas e cargos. Os requerimentos partiram de Gilberto Abramo (Republicanos-MG), aliado de Motta.
Sóstenes pressiona por assinaturas
Enquanto a direção da Câmara sinaliza resistência, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), intensificou a coleta de assinaturas para votar a proposta em regime de urgência. Ele precisa de 257 assinaturas e já conseguiu 233.
Sóstenes chegou a ameaçar divulgar nomes de parlamentares que se recusarem a apoiar o requerimento, o que gerou tensão dentro do Centrão.
Pressão do STF também pesa
O ministro Gilmar Mendes, do STF, também criticou a proposta de anistia. Para os bolsonaristas, essas falas ampliam a pressão sobre Hugo Motta, que se vê entre compromissos assumidos com o governo federal e promessas feitas ao PL.
Um aliado de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, declarou: “Ele prometeu ao PT que não colocaria para votar, e ao PL que colocaria. Agora ganhou a eleição e está com esse abacaxi na mão. Motta deve ter sido triturado nessa viagem ao Japão”.
Futuro da anistia depende da Câmara
Apesar da resistência atual, líderes bolsonaristas ainda esperam reverter o cenário. “Motta está sendo pressionado pelo governo e pelo Supremo. Mas, se a maioria dos deputados assinar, será que ele vai mesmo ignorar?”, disse um articulador do PL.
A expectativa é que a pressão aumente nos próximos dias, enquanto o partido tenta alcançar a quantidade mínima de apoios para forçar a votação.
Cinco pontos para entender
- Hugo Motta era favorável à anistia, mas mudou de posição após viagem à Ásia.
- Bolsonaristas afirmam que Motta se aproximou de Lula e do STF.
- O PL, com apoio de Sóstenes Cavalcante, tenta reunir 257 assinaturas para aprovar urgência.
- O STF pressiona contra a proposta, com críticas de Gilmar Mendes.
- Motta pautou projetos de interesse do Judiciário após a viagem, o que aumentou o desconforto interno.




