Rio de Janeiro – O técnico Carlo Ancelotti estreou na convocação da Seleção Brasileira mandando um recado direto: Neymar está fora. A ausência do camisa 10 nos próximos jogos das Eliminatórias da Copa de 2026 foi confirmada nesta segunda-feira (26), em coletiva no Rio de Janeiro, com um discurso que misturou diplomacia e aviso. Segundo Ancelotti, o corte foi conversado com o jogador, que aceitou a decisão — mas a mensagem é clara: a nova Seleção quer atletas em forma, não apenas em fama.
“Nesta convocação, chamei quem está bem fisicamente. Neymar ainda está voltando de lesão. Contamos com ele, claro, mas em sua melhor versão”, afirmou Ancelotti, com aquele jeito italiano de quem elogia cortando. O técnico ainda citou a lista de lesionados que ficaram de fora: Rodrygo, Gabriel Martinelli, Joelinton, Éder Militão e Éderson. Mas nenhum deles tem a aura midiática de Neymar, o ausente mais presente do futebol brasileiro.
🇧🇷 A era Ancelotti começa sem Neymar
Neymar não joga pela Seleção desde outubro de 2023, quando rompeu o ligamento cruzado em uma partida contra o Uruguai. Desde então, passou por cirurgia, fisioterapia, reabilitação e um retorno tímido aos gramados. Atualmente, atua no Al-Hilal, da Arábia Saudita, tentando recuperar o ritmo após quase oito meses parado.
A exclusão da lista não é uma punição, diz o técnico. Mas serve como um termômetro da virada que Ancelotti pretende impor. “O Brasil tem muitos talentos. O objetivo é montar um time competitivo para a Copa. Neymar voltou ao Brasil para se preparar e estar pronto. Ele sabe disso e está de acordo”, declarou o treinador.
Se está mesmo “de acordo” ou apenas aceitou o inevitável, só Neymar sabe. Mas o fato é que, pela primeira vez em muito tempo, a Seleção Brasileira começa um ciclo sem depender do seu eterno camisa 10.
Técnica, disciplina e meritocracia
A escolha de Ancelotti sinaliza uma mudança na cultura da Seleção. O novo técnico, multicampeão por clubes como Milan, Chelsea, Real Madrid e Bayern, não parece disposto a bancar nomes pelo peso de marketing ou pelo histórico. Ele quer entrega física, tática e mental — e, nesse jogo, Neymar ainda está em desvantagem.
A aposta, portanto, é em quem está 100%: jovens em alta na Europa e jogadores em boa fase física. A ausência de Neymar, ainda que justificada por lesão, representa um divisor de águas. O ciclo da dependência emocional do camisa 10, inaugurado em 2010, pode estar se encerrando — com ou sem drama.
Recuperar o corpo para voltar ao topo
Ancelotti deixou claro que Neymar ainda faz parte dos planos, mas sob uma condição: estar inteiro, pronto e em alto nível. “Contamos com ele em sua melhor versão”, repetiu. A frase, aparentemente inofensiva, carrega um peso: se Neymar não entregar essa versão até 2026, pode assistir à Copa do banco — ou de casa.
Na prática, o craque de 32 anos tem pouco mais de um ano para provar que ainda é decisivo. Isso inclui recuperar não só o joelho operado, mas também a regularidade, o fôlego e o respeito coletivo, abalado após anos de polêmicas extracampo e convocações automáticas.
Repercussão dividida e torcida desconfiada
A convocação sem Neymar gerou burburinho nas redes sociais e entre jornalistas esportivos. Parte da torcida comemorou a renovação; outra acusou Ancelotti de “desprestigiar” o maior nome do país. Mas no fundo, o que o novo técnico está fazendo é simples: estabelecer critério onde antes havia privilégio.
A Seleção não é reality show nem vitrine de influenciadores. E talvez seja justamente esse o resgate que Ancelotti tenta promover: o da competitividade, da disciplina e do futebol — não da celebridade.
O Carioca esclarece
Quem é Carlo Ancelotti e por que sua decisão é relevante?
É um dos técnicos mais vitoriosos do mundo e, ao assumir a Seleção, promete impor critérios técnicos, acima de nomes.
Por que Neymar ficou de fora da convocação?
Por questões físicas. Ainda se recupera de uma lesão grave e não está em plena forma.
Quais as consequências dessa escolha?
Sinaliza um fim na dependência da figura de Neymar e o início de uma seleção mais meritocrática.
Como isso afeta a Seleção e a democracia no futebol?
Retira o peso do nome e privilegia o desempenho. Pode abrir espaço para uma equipe mais plural e competitiva.