16 de junho de 2025 — Brasília — A guerra entre Israel e Irã não afeta apenas os campos de batalha: ela também está desviando os olhos do mundo da tragédia contínua em Gaza. O alerta foi feito por Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, que apontou impactos diretos do conflito sobre a agenda diplomática para a paz no Oriente Médio.
“Uma vítima colateral desses ataques é tirar o foco de Gaza. Uma reunião que estava prevista para ocorrer na ONU com vistas ao reconhecimento pleno do Estado da Palestina foi adiada. Além das mortes, esses ‘efeitos colaterais’ são altamente prejudiciais à paz na região”, declarou Amorim à CNN Brasil.
Conferência internacional é adiada após bombardeios
A Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão da Palestina, organizada pela França e pela Arábia Saudita, estava marcada para ocorrer entre 17 e 20 de junho. O evento foi adiado por causa da escalada do conflito entre Israel e Irã.
O Brasil, que historicamente defende a criação de um Estado palestino soberano ao lado de Israel, participaria da conferência e chegou a ser cogitado como co-presidente de um dos grupos de trabalho. Não há nova data definida.
Paz bloqueada pela guerra
A escalada militar entre Israel e Irã, marcada por trocas de bombardeios, paralisou não apenas reuniões diplomáticas, mas também o debate internacional sobre a catástrofe em curso em Gaza, onde milhares de civis seguem expostos à fome, ao colapso de serviços básicos e aos ataques constantes.
A ofensiva israelense, iniciada após os eventos de outubro de 2023, já causou a morte de mais de 40 mil civis palestinos, segundo estimativas da ONU. Hospitais foram destruídos, bairros inteiros transformados em escombros, e o bloqueio humanitário impede o acesso a água, eletricidade e medicamentos.
Brasil reafirma posição contrária aos ataques
Celso Amorim também reiterou que o Brasil condena os ataques promovidos por Israel contra o Irã, posição já manifestada em nota oficial pelo Ministério das Relações Exteriores.
A diplomacia brasileira reforça a necessidade de negociações multilaterais e defende a solução de dois Estados como único caminho possível para uma paz duradoura.
Tragédia silenciada
Enquanto os mísseis cruzam os céus entre Teerã e Tel Aviv, a crise humanitária na Faixa de Gaza perde espaço na cobertura internacional. Reuniões são adiadas, vidas são esquecidas e a possibilidade de paz parece cada vez mais distante.
O Carioca Esclarece
A proposta da solução de dois Estados — Israel e Palestina vivendo lado a lado em paz — foi originalmente aprovada pela ONU em 1947, com o voto favorável do Brasil, que até hoje sustenta essa posição histórica.
Entenda o Caso
Por que o conflito entre Israel e Irã afeta Gaza?
Porque desvia a atenção internacional da crise humanitária e paralisa iniciativas diplomáticas em defesa do Estado Palestino.
O Brasil ainda defende a Palestina?
Sim. O Brasil mantém posição histórica a favor da criação do Estado Palestino e participa de esforços multilaterais por uma paz duradoura.
Por que a conferência foi adiada?
A escalada da guerra entre Israel e Irã tornou inviável a realização da conferência organizada pela França e Arábia Saudita.