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Espécies milenares estão desaparecendo na Antártida por culpa de humanos

Antártida, 16 de junho de 2025 — Pela primeira vez, cientistas documentaram os efeitos devastadores da presença humana no fundo do mar da Antártida: a destruição provocada por navios está levando espécies milenares à beira da extinção, sem fiscalização ou controle internacional.

A imagem que o mundo ainda tem da Antártida — um território intocado, puro e imune ao caos humano — começa a ruir com uma nova e alarmante descoberta científica. Um estudo publicado na revista Frontiers in Conservation Science revelou que navios de turismo, pesca e até pesquisa estão provocando danos irreversíveis no leito marinho, pondo em risco espécies que vivem há milhares de anos no oceano antártico.

Liderada por Matthew Mulrennan, a equipe de cientistas identificou pela primeira vez marcas profundas causadas pelas âncoras de grandes embarcações em áreas antes consideradas intocadas. As cenas capturadas por câmeras submarinas são chocantes: trilhas abertas no fundo do oceano, habitats arrancados e vida marinha reduzida a vestígios.

Tráfico marítimo sem controle

Durante a temporada de 2022-2023, ao menos 195 navios lançaram âncoras em pontos sensíveis da região que vai da Península Antártica à Ilha Geórgia do Sul. E esse número pode ser ainda maior, já que, segundo os pesquisadores, muitas embarcações operam de forma totalmente desregulamentada, sem licenças ou fiscalização.

“A ancoragem está devastando zonas ecológicas que deveriam estar sob proteção rigorosa”, denuncia Mulrennan. Ele reforça que esse impacto nunca havia sido formalmente documentado até agora.

Extinção silenciosa de espécies milenares

Entre as espécies mais afetadas estão as esponjas vulcânicas gigantes, organismos que podem viver até 15 mil anos. São verdadeiros fósseis vivos, fundamentais para o equilíbrio do ecossistema, mas que agora estão ameaçados pela atividade humana.

Além delas, os pesquisadores encontraram estrelas-do-sol, polvos-gigantes e aranhas-do-mar em regiões afetadas pelas âncoras. “Esses animais são vitais para o equilíbrio do ecossistema antártico”, explicou Mulrennan. E não apenas pela biodiversidade: muitas dessas espécies filtram e estabilizam nutrientes essenciais na cadeia alimentar polar.

A destruição que ninguém vê

O mais preocupante é que toda essa devastação acontece longe dos olhos do mundo. Diferentemente da Amazônia ou de recifes tropicais, o ecossistema do fundo do mar antártico permanece praticamente invisível. E essa invisibilidade tem sido a grande aliada da destruição: sem cobertura midiática, sem pressão internacional e sem mecanismos de fiscalização, o fundo do oceano austral é tratado como um “território livre” para o avanço dos interesses econômicos.

“É uma corrida silenciosa pela exploração e ocupação da Antártida. Só que quem paga o preço são espécies que nunca saíram de lá e que estão desaparecendo diante dos nossos olhos”, alerta Mulrennan.

Falta de regulamentação internacional

A Antártida é protegida por tratados internacionais que proíbem exploração mineral e militar. Mas, na prática, o tráfego marítimo comercial, turístico e científico ainda carece de regras específicas e enforcement eficaz. O levantamento do estudo apontou que não há exigência padronizada de rotas ou protocolos de ancoragem, mesmo em áreas com presença confirmada de espécies ameaçadas.

Brasil, presente ou ausente?

O Brasil mantém bases de pesquisa na Antártida e participa do Tratado Antártico, mas ainda não se manifestou sobre os impactos ambientais causados por embarcações. Especialistas ouvidos pelo Diário Carioca apontam que é urgente revisar a atuação diplomática e científica brasileira na região, com foco em preservação e transparência.

O que pode ser feito?

Os pesquisadores propõem a criação de zonas de exclusão para ancoragem em áreas sensíveis, além de licenciamento obrigatório e monitoramento remoto via satélite para todos os navios que operam na região. Também pedem que os países-membros do Tratado da Antártida atualizem suas normas à luz do novo cenário de emergência climática e colapso ambiental.

Como aponta Mulrennan, “não se trata apenas de proteger uma região — é sobre garantir a sobrevivência de formas de vida que testemunharam o planeta por milhares de anos”.

O Diário Carioca reforça: o que acontece no fim do mundo também é responsabilidade nossa.

O Carioca Esclarece

As esponjas vulcânicas da Antártida são organismos que podem viver por mais de 10 mil anos. Sua destruição afeta todo o ecossistema marinho polar e, indiretamente, o equilíbrio do planeta.

Quais espécies estão ameaçadas na Antártida por causa dos navios?
Esponjas vulcânicas, polvos-gigantes, estrelas-do-sol e aranhas-do-mar, entre outras.

Por que a ancoragem de navios é tão prejudicial?
Porque as âncoras rasgam o leito marinho, destroem habitats e espalham sedimentos que sufocam organismos fixos.

O turismo é o único responsável?
Não. Pesca e pesquisa científica também contribuem, embora o turismo cresça mais rapidamente e com menor controle ambiental.

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Vanessa Neves
Vanessa Neveshttps://www.diariocarioca.com/
Vanessa Neves é Jornalista, editora e analista de mídias sociais do Diário Carioca. Criadora de conteúdo, editora de imagens e editora de política.

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