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Macron alerta: atacar o Irã seria abrir as portas do caos

KANANASKIS, CANADÁ — 17 de junho de 2025 – O presidente da França, Emmanuel Macron, fez um alerta contundente nesta terça-feira: qualquer ação militar contra o Irã, visando uma mudança de regime, pode levar a um cenário de absoluto caos no Oriente Médio e no mundo. O líder francês reforçou a necessidade de um cessar-fogo imediato e de um retorno às negociações diplomáticas sobre o programa nuclear iraniano.

Durante uma coletiva realizada após as reuniões do G7, Macron se posicionou claramente contra qualquer escalada militar. A declaração ocorre em meio a tensões crescentes envolvendo potências ocidentais e o Irã, especialmente após ameaças veladas de setores ligados ao governo dos Estados Unidos.

“Não queremos que o Irã desenvolva uma arma nuclear, mas atacar o país na tentativa de derrubar seu governo seria o pior dos erros. Isso mergulharia toda a região — e o mundo — em um caos sem precedentes”, afirmou Macron, em tom categórico.

Macron tenta frear pressão por ataque

A fala do presidente francês também buscou conter a crescente pressão de setores mais agressivos da diplomacia norte-americana, que cogitam ações militares para neutralizar o programa nuclear iraniano e, indiretamente, forçar uma mudança de regime em Teerã.

Fontes diplomáticas europeias indicam que, durante o encontro do G7, houve uma mudança de tom por parte do governo dos Estados Unidos, que passou a considerar mais seriamente a possibilidade de um cessar-fogo e de reabrir canais de diálogo com o governo iraniano.

Esse reposicionamento teria sido influenciado, em parte, pela resistência de aliados europeus, liderados por Macron, que argumentam que uma guerra contra o Irã poderia gerar consequências devastadoras, incluindo o colapso político de vários países da região, uma nova crise migratória global e um colapso nos mercados energéticos.

O fantasma de 2003 ronda o cenário

Diplomatas ouvidos pelo Diário Carioca lembram que o discurso de Macron ecoa os erros históricos da invasão do Iraque, em 2003, quando uma coalizão liderada pelos Estados Unidos derrubou o regime de Saddam Hussein, provocando um vácuo de poder que abriu espaço para o surgimento do Estado Islâmico e décadas de instabilidade no Oriente Médio.

No caso do Irã, os riscos são ainda maiores. Com uma população de mais de 80 milhões de habitantes, um complexo sistema político e uma rede de aliados regionais — incluindo grupos como o Hezbollah, na Síria e no Líbano —, uma guerra poderia desencadear uma reação em cadeia, afetando diretamente Europa, Ásia e América Latina.

Caminho é diplomacia, diz Macron

Macron reiterou que o caminho deve ser o fortalecimento dos acordos multilaterais, especialmente aqueles que regulam o uso de energia nuclear para fins pacíficos. O presidente francês defendeu que seja retomado o Acordo Nuclear de 2015, abandonado pelos Estados Unidos em 2018, durante o governo de Donald Trump, decisão que contribuiu significativamente para a escalada das tensões atuais.

“O nosso objetivo é impedir a proliferação nuclear, não espalhar guerras. Não se combate uma suposta ameaça de bomba nuclear com bombardeios que podem matar milhares de civis e destruir sociedades inteiras”, reforçou o líder francês.

A posição da França ganhou apoio de outros membros do G7, como Alemanha, Canadá e Itália, mas ainda enfrenta resistência de setores militaristas dos Estados Unidos, Reino Unido e aliados do Oriente Médio, que pressionam por uma resposta mais agressiva.

O Carioca Esclarece

A atual crise envolvendo o Irã e as potências ocidentais gira em torno do enriquecimento de urânio e da possibilidade do desenvolvimento de armas nucleares. Desde que os Estados Unidos romperam o acordo nuclear em 2018, as tensões só aumentaram.


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Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca

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